Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

terça-feira, 13 de setembro de 2011

TEORIAS ORIENTAIS DOS ELEMENTOS

TEORIAS ORIENTAIS DOS ELEMENTOS
Como frequentemente ocorre no Oriente, é mais difícil precisar os autores, visto que os conceitos parecem tão antigos que não se tem registros confiáveis. Ainda assim, é possível supor alguns responsáveis por contribuições para a versão oriental das teorias elementais.
------- Atribui-se a Lao-Tsé ( ?570 AEC), o mais conhecido sábio do Taoísmo, o registro mais antigo a comentar o conceito de TAO, palavra de difícil tradução, mas que pode ser entendido como "Caminho / Modo de Ser / Agir", melhor entendido talvez pelo conceito inglês mais amplo encontrado na palavra WAY.
No famoso símbolo Tei-Gi, a dualidade primária do universo, os aspectos Yin e Yang, tem como principais características ser relacionados com Masculino e Feminino, Seco e Húmido, Quente e Frio, Dia e Noite, não tendo, SOB HIPÓTESE ALGUMA, qualquer relação com a idéia de bem e mal.
------- No taoísmo, o que poderíamos considerar como o Mal, seria a desarmonia entre o Yin e Yang, e o Bem, evidentemente, a relação equivalente e dinâmica dos aspectos.
Interessante observar que na visão aristotélica dos elementos, as 4 qualidades que dão origem aos 4 elementos correspondem à metade das propriedades do Yin e o Yang, no caso o par SECO e HÚMIDO e o par QUENTE e FRIO.

Chuang-Tsé (399-295 AEC), outro sábio taoísta, chegou a sugerir que o Yin e o Yang produzem as 4 formas, que dão origem aos 8 Elementos, mas a doutrina de Huai-nan-Tsé (+122 AEC) ficou mais conhecida, afirmando que o "Céu" tem as 4 Estações e os 5 Elementos/Agentes, ou mais originalmente os Wu Xing, literalmente "5 Movimentos".
------- Este mesmo conceito também está presente no Neoconfucionismo, pela Escola da Razão (960-1279 DEC), que diz serem "Os 5 Agentes" (Forças Vitais), a ÁGUA, FOGO, MADEIRA, METAL e TERRA.
------- O mesmo diz Chou Lien-hsi (1017-1073 DEC), ao afirmar que o "Tai Chi" ("Grande Energia") produz o Yin e o Yang, que produzem os 5 Agentes/Elementos.
Portanto, diferente da tradição grega, não aparece o "Ar" como um elemento, mas sim a "Madeira" e o "Metal" como elementos adicionais. É preciso notar porém a importância do termo "Agentes", pois os 5 elementos orientais não são tão relacionados à idéia de constituição da matéria quanto os 4 elementos gregos, podendo ser interpretados como "aspectos" presentes em todas as coisas.
------- Não há, no entanto, qualquer indício de uma teoria atômica, não havendo tendências a se imaginar esses elementos como compostos de partículas. Há, todavia, uma noção mais completa e harmônica de transformações, pois as setas em Azul Ciano representam os Ciclos Construtivos, onde um elemento gera, ou alimenta o próximo, num ciclo fechado e perpétuo.
------- Já as setas em Vermelho representam os Ciclos Destrutivos, ou de Contenção e Controle, onde cada elemento neutraliza ou destrói o próximo, de modo que a Água apaga o Fogo, que derrete o Metal, que corta a Madeira, que (em excesso) enfraquece a Terra, que por sua vez absorve e contém a Água.
------- No ciclo Construtivo temos que a Água alimenta a Madeira, que abastece o Fogo, que produz a Terra (lembremos nas cinzas resultante das combustões e na lava expelida pelos vulcões), a Terra por sua vez produz o Metal que, finalmente, produz a Água!
------- Este último caso exige um explicação maior. Trata-se da percepção de que o Metal, por ser frio e provocar a condensação da água, parece produzí-la, ao "suar", em especial pela manhã. Tal fato serviu como evidência de sua capacidade de produzir água, completando o ciclo geracional.
------- Portanto, diferente do sistema platônico, todos os elementos se transformam uns nos outros, e a percepção da relação da combustão com a produção de cinzas contrasta com a noção grega de que não haveria transformações entre a Terra e os demais elementos. É muito provável que essa parte do sistema de Platão seja na verdade uma consequência estrutural de sua teoria geométrica atômica, que pela questão da incompatibilidade dos átomos triangulares equiláteros com a estrutura hexaédrica do Cubo, do elemento Terra, tenha desautorizado pensar numa transformação desta em outros elementos, passando a considerar a evidência como a observada pelos chineses de alguma outra forma.
------- Há, curiosamente, uma outra notável relação. Para Platão, os metais são Líquidos! Que apenas permanecem duros devido a temperatura ambiente não ser suficiente para fundí-los. De certo, é diferente da Terra, pois é da experiência comum que o barro não se liquefaz da mesma forma que o metal, mesmo a altíssimas temperaturas.
Voltando ao Oriente, no BUDISMO, os 5 Elementos já são, mais uma vez TERRA, ÁGUA, AR, FOGO e ESPAÇO, o que não só remete ao sistema grego, como ainda aparenta similaridade com a idéia aristotélica do quinto elemento como sendo o Éter.
No HINDUÍSMO, por sua vez, além de uma versão primeva de 3 elementos (os 4 elementos gregos menos o Ar), temos uma noção de 7 Elementos, que correspondem aos 7 Chakras do corpo humano, na seguinte forma:
Pensamento LUZ
ÉTER
AR
FOGO
ÁGUA
TERRA

Enfim, a tradição Chinesa, bem como a Japonesa, terminou por possuir dois sistemas de 5 elementos, um com os 5 Grandes Elementos: Terra, Água, Vento, Fogo e Vazio / Éter, e outro com os 5 Elementos da Tradição Taoísta: Água, Fogo, Madeira, Metal e Terra, o que, evidentemente, inspirou sínteses de 7 elementos como sendo TERRA, MADEIRA, METAL, ÁGUA, AR, FOGO e ÉTER (Vazio / Espaço).
------- Tais sínteses são, no entanto, menos populares do que os sistemas tradicionais. No Japão, por exemplo, os 5 elementos taoístas estão representados nos Dias da Semana.
Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado
Nichi-yobi Getsu-yobi Ka-yobi Sui-yobi Moku-yobi Kin-yobi Do-yobi
Sol Lua Fogo Água Árvore Ouro/Metal Terra

Finalmente, vejamos a tradição chinesa do I CHING, onde Yin e Yang são recombinados em trios, que permitem 8 combinações, Trigramas, que correspondem a 8 ELEMENTOS, que são CÉU, VENTO, TERRA, FOGO, LAGO, TROVÃO, MONTANHA e ÁGUA, que por sua vez se relacionam estreitamente com os 5 Agentes, na forma a seguir.
Céu Metal Yang, Yang, Yang
Vento Madeira Yin, Yang, Yang
Montanha Terra Yang, Yin, Yin
Fogo Fogo Yang, Yin, Yang
Lago Metal Yang, Yang, Yin
Água Água Yin, Yang, Yin
Trovão Madeira Yin, Yin, Yang
Terra Terra Yin, Yin, Yin
o que resulta no esquema
Como podemos notar, o modo como os 5 elementos foram recombinados em 8 jamais teria agradado os gregos, em especial os pitagóricos, que provavelmente veriam algum tipo de desarmonia numérica. Permaneceu forte na nossa tradição ocidental a idéia de 4 elementos físicos, que ocasionalmente recebem um Quinto, em geral associado ao Espírito / Alma / Mente.
------- Já no Oriente, embora tenha havido noções de 4 e por vezes, até 3 elementos em algumas tradições Hindus mais antigas, permaneceu forte a idéia de 5, quer seja levando em conta um elemento imaterial, como no sistema ocidental, quer seja ignorando o Ar e acrescentando Metal e Madeira.
------- É fácil notar, também, uma fixação oriental, em especial Chinesa e Japonesa, pelos números 5 e 8, ao passo que no ocidente temos uma fixação maior no 4 e no 7. Enquanto nós falamos em 7 cores e 7 notas musicais, os chineses e japoneses costumavam falar em 5 notas e 5 cores. Diversas outras correlações podem ser notadas, em especial levando em conta superstições desses orientais contra o número quatro, cuja pronúncia é idêntica a da palavra 'morte'.
------- O número 4, então, traria mau agouro, e é tão incômodo quanto o é o 13 para os ocidentais. No Japão, por exemplo, é comum não haver apartamentos, andares e casas com o número 4, da mesma foram como nos E.U.A. e alguns países da Europa costuma ocorrer com o 13.
------- Inclusive, é interessante observar que os chineses fizeram questão de iniciar as Olimpíadas de 2008 às 8 horas, 8 minutos e 8 segundos do dia 08/08/08, visto que este número é tido como portandor de boa fortuna.
------- Voltando a falar em cores e sons, podemos perceber que nossa divisão em 7 notas, no caso 5 tons e 2 semitons, é arbitrária, e seu principal responsável é ninguém menos que Pitágoras, que estabeleceu relações harmônicas preferíveis ao tocar cordas simultâneas em comprimentos diferentes. Posterioremente, no século XI, Frei Guido Darezzo viria a atribuir-lhes os nomes pelos quais as conhecemos, Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si, que são a primeira sílaba de cada frase de um hino religioso à São João Batista.
------- Na realidade, existem 12 semitons, como pode ser observado nos instrumentos de corda com trastes, tais como o violão, em relação a um teclado.
Isso ocorre por que a medida que vamos encurtando e tocando uma corda, a tonalidade vai subindo, e só conseguimos distinguir 12 variações que se repetem em ciclos, de modo que no tom equivalente 12 níveis acima, a corda estará com a exata metade do tamanho. Num instrumento como o violão, as notas citadas acima valem para as corda Mi, que são a mais grave e a mais fina, nas partes mais alta e mais baixa.)
------- Por uma questão de sensibilidade estética, os antigos gregos formalizaram a divisão de 7 notas que, sacramentada na Idade Média, resultou em nossos instrumentos de teclado. Os orientais, por outro lado, ao invés de escolherem essa escala que mistura 5 tons com 2 semitons, não raro ignoraram estes últimos, e por isso identificamos como um estilo melódico tipicamente oriental quando tocamos somente as teclas pretas de um teclado, que são 5, o que produz um efeito similar ao das típicas músicas orientais.

No modo chinês, as 5 notas são tipicamente associadas aos elementos:
Fazendo uma transposição de 6 semi-tons, temos o equivalente:
Tudo isso nos mostra como nossa divisão da realidade em números preferenciais, 7 ou 5, é arbitrária, e o mesmo acontece com as cores.
------- Embora consideremos 7 cores no espectro, e os orientais com frequência considerem 5, é fato que possuímos apenas 3 cores primárias, que podem se combinar num sistema que, se dividido de forma perfeitamente proporcional, pode também ser dividido em 12, como no exemplo abaixo.
Diferente dos tons musicais, onde não distinguimos mais de 12, é possível dividir a escala de cores em milhares de níveis perceptíveis, porém, a simples existência de 3 cores primárias e 3 secundárias imporá múltiplos de 6, como 24, 360, 18.000.
------- Mas o que chama a atenção é o modo como dividimos nossa clássica escala de 7 cores. Pegamos as cores 1, 2, 3, para os típicos Vermelho, Laranja e Amarelo, e agrupamos os outros 3 tons seguintes no mesmo denominador de Verde. Adicionamos a cor 7, Ciano, que normalmente chamamos apenas de Azul Claro ou mesmo Azul, por vezes usando Anil para a cor 9, e finalmente pescando um misto escurecido de 10 e 11 como Violeta.
------- Os orientais, por outro lado, costumam pegar 4 das cores da amostra acima, 1,3, uma mistura das cores 4 a 9 num único tom de Verde e Azul (em Japonês há uma única palavra, aoi, que pode ser tanto Azul quanto Verde), e então adicionam Preto e Branco, que sequer são cores da escala mas sim, sua soma total e sua subtração completa.
------- Há também uma alternativa que ignora o Preto, ou o Branco, e seleciona Verde e Azul em separado, mas merece maior atenção é a preocupação em manter o número 5!
------- É inegável, porém, como vemos na escala de cores acima, que as tonalidades esverdeadas nos parecem muito mais similares entre si do que as demais, e que é mais fácil confundir 4 e 6, do que 12 e 2, por exemplo. Isso ocorre porque nossos olhos são mais sensíveis ao verde do que às demais cores primárias, o verde é a cor que possui maior "Luminância" para nossos sentidos, visto ser a tonalidade central do espectro visível, entre o Infravermelho e o Ultravioleta. Por isso os visores noturnos aparentam tons verdes, um Laser verde é muito mais brilhante do que o Vermelho, mesmo quando gerados na mesma potência e o Ciano e o Amarelo são mais difíceis de distinguir do branco por compartilharem a cor mais luminosa, o que não ocorre com o Magenta
------- Por outro lado, das primárias, o Azul é a menos intensa, a mais escura, e por isso mesmo de destaca mais no fundo branco, e os modos diferentes de interações de cores acabam gerando percepções desequilibradas em nossos sentidos. O Daltonismo que confunde azul e verde, por exemplo, é mais comum do que o confunde verde e vermelho.
------- Toda essa digressão tem apenas o objetivo de mostrar que existem predisposições culturais a encaixar a realidade em modelos ideais pré-estabelecidos, com a rara excessão dos Poliedros Regulares, que realmente só existem em número de 5. Curiosamente, o chineses parecem não ter desenvolvidos geometrias mais sofisticadas, caso contrário, associar seus 5 elementos aos 5 poliedros seguramente seria irresistível.
------- Para observarmos mais exemplos de como "encaixar" o mundo em nossa categorias pré-estabelecidas, vejamos mais algumas relações notáveis, que denunciam sutilezas psico culturais entre os dois hemisférios.
------- Na antiguidade desenvolveu-se a noção das 4 Virtudes Cardinais: Prudência, Fortaleza, Justiça e Temperança. Na Idade Média, seriam somadas a essas as 3 Virtudes Teologais: , Amor e Caridade, somando um total de 7 Virtudes que evidentemente se opunham aos 7 Pecados Capitais.
------- Por sua vez, no oriente, os chineses falavam em 5 Virtudes: Polidez, Bondade, Respeito, Parcimônia e Altruísmo. Já no Japão, ficou famoso o Bushido, o Código de Honra Samurai, que era constituído de 8 virtudes: Justiça, Coragem, Bondade, Polidez, Verdade, Honra, Fidelidade e Auto-Controle.
------- Os orientais parecem sempre encontrar um meio de adicionar um quinto elemento em classificações que no ocidente mantemos apenas em quatro. Por isso, se consideramos as 4 estações, os orientais adicionam um período de transição, associando todos aos 5 elementos: Primavera (Madeira), Verão (Fogo), Outono (Metal), Inverno (Água) e Intervalos (Terra).
------- Se consideramos 4 Pontos Cardeais, os Orientais consideram Norte (Água), Leste (Madeira), Sul (Fogo), Oeste (Metal) e CENTRO (Terra).
Há muitos outros exemplos de como os números 4 e 7, no ocidente, e 5 e 8, no oriente, apesar de ocasionais exceções, dominam o imaginário cultural. A meio caminho entre os hemisférios, o alquimista árabe Jabir ibn Hayyan (721-815 dEC), chegou a compilar uma versão de 8 elementos onde aos 4 elementos ocidentais, mais o Éter, adicionava o Enxofre (propriedades combustivas e decompositoras), Mercúrio (propriedade metálica) e Sal (propriedade cristalina), sendo um dos poucos esforços no sentido de classificar os cristais num local em especial.
Mas, enfim, voltemos agora ao tema dos elementos mais tradicionais.


Um comentário:

  1. Ao administrador deste blog...

    Encontrei aqui reproduções de textos de minha autoria violando a mais primária regra da razoabilidade, que é a citação da fonte, nos seguintes posts:

    http://licenciaturageografiauniube.blogspot.com.br/2011/09/teorias-orientais-dos-elementos.html

    http://licenciaturageografiauniube.blogspot.com.br/2011/09/teorias-ocidentais-dos-elementos.html

    http://licenciaturageografiauniube.blogspot.com.br/2011/09/os-elementos-hoje.html

    São trechos de meu texto Filosofia Elemental, originário de meu site em http://www.xr.pro.br/monografias/elementos.html.

    Meus textos são todos de livre replicação e distribuição, mas DESDE QUE SEJA RESPEITADA A AUTORIA! O que não foi feito neste caso, onde meu nome foi omitido, bem como o endereço para o link original, além de ter sido desnecessariamente desmembrado. O que, curiosamente, não ocorreu em outro texto, Teoria da Evolução (http://licenciaturageografiauniube.blogspot.com.br/2011/09/teoria-da-evolucao.html) onde ao menos meu nome foi preservado, embora o ideal seria que houvesse sido mantido o link para o original.

    Demando que esse erro seja corrigido o mais rápido possível sob risco de uma denúncia formal de plágio ao Blogger.

    Marcus Valerio XR
    xr.pro.br
    evo.bio.br

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