Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias

Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias

Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
Autor do livro: A educação que desejamos novos desafios e como chegar lá. Campinas: Papirus, 2007.
Texto publicado nos anais do 12º Endipe – Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, in ROMANOWSKI, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal: Diversidade, mídias e tecnologias na educação. vol 2, Curitiba, Champagnat, 2004, páginas 245-253 - jmmoran@usp.br
Resumo
A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula melhor equipada e com atividades diferentes. Em alguns momentos o professor leva seus alunos ao laboratório conectado à Internet para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio das tecnologias (segundo espaço). Estas atividades se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet, o que permite diminuir o número de aulas e continuar aprendendo juntos a distância (terceiro espaço). Os cursos precisam prever espaços e tempos de contato com a realidade, de experimentação e de inserção em ambientes profissionais e informais em todas as matérias e ao longo de todos os anos (quarto espaço). Uma das tarefas mais importantes das universidades, escolas e secretarias de educação hoje é planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual e como integrar de forma criativa e inovadora esses espaços e tempos.
Palavras-chave: Novas tecnologias, educação, ensino superior, didática

Introdução

Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de que os alunos não agüentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos reclamam do tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por horas, da rigidez dos horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida.
Colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo – com um verniz de modernidade. As tecnologias são utilizadas mais para ilustrar o conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos.
O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias, linguagens. Esperavam-se muitas mudanças na educação, mas as mídias sempre foram incorporadas marginalmente. A aula continuou predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual, como ilustração. Alguns professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do conteúdo, como complemento. Eles não modificavam substancialmente o ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de mudança, mas era mais na embalagem.
O computador trouxe uma série de novidades, de fazer mais rápido, mais fácil. Mas durante anos continuo sendo utilizado mais como uma ferramenta de apoio ao professor e ao aluno. As atividades principais ainda estavam focadas na fala do professor e na relação com os textos escritos.
Hoje, com a Internet e a fantástica evolução tecnológica, podemos aprender de muitas formas, em lugares diferentes, de formas diferentes. A sociedade como um todo é um espaço privilegiado de aprendizagem. Mas ainda é a escola a organizadora e certificadora principal do processo de ensino-aprendizagem.
Ensinar e aprender estão sendo desafiados como nunca antes. Há informações demais, múltiplas fontes, visões diferentes de mundo. Educar hoje é mais complexo porque a sociedade também é mais complexa e também o são as competências necessárias. As tecnologias começam a estar um pouco mais ao alcance do estudante e do professor. Precisamos repensar todo o processo, reaprender a ensinar, a estar com os alunos, a orientar atividades, a definir o que vale a pena fazer para aprender, juntos ou separados.
Com a Internet e outras tecnologias surgem novas possibilidades de organização das aulas dentro e fora da Universidade. Podemos ter uma parte das aulas de forma virtual ou freqüentar cursos a distância. Como uma universidade e seus professores podem se organizar para estas mudanças inevitáveis, da forma mais adequada, equilibrada e coerente? Por onde começar e continuar?

A ampliação dos espaços de ensino-aprendizagem

A sala de aula é o espaço privilegiado quando pensamos em escola, em aprendizagem. Esta nos remete a um professor na nossa frente, a muitos alunos sentados em cadeiras olhando para o professor, uma mesa, um quadro negro e, às vezes, um vídeo ou computador.
Com a Internet e as redes de comunicação em tempo real, surgem novos espaços importantes para o processo de ensino-aprendizagem, que modificam e ampliam o que fazíamos na sala de aula.
Abrem-se novos campos na educação on-line, através da Internet, principalmente na educação a distância. Mas também na educação presencial a chegada da Internet está trazendo novos desafios para a sala de aula, tanto tecnológicos como pedagógicos.
O professor, em qualquer curso presencial, precisa hoje aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam e complementam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais.
Antes o professor só se preocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua com o aluno no laboratório (organizando a pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no acompanhamento das práticas, dos projetos, das experiências que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (ponto entre a teoria e a prática).
Antes o professor se restringia ao espaço da sala de aula. Agora precisa aprender a gerenciar também atividades a distância, visitas técnicas, orientação de projetos e tudo isso fazendo parte da carga horária da sua disciplina, estando visível na grade curricular, flexibilizando o tempo de estada em aula e incrementando outros espaços e tempos de aprendizagem.
Educar com qualidade implica em ter acesso e competência para organizar e gerenciar as atividades didáticas em, pelo menos, quatro espaços:

1. Uma nova sala de aula

A sala de aula será, cada vez mais, um ponto de partida e de chegada, um espaço importante, mas que se combina com outros espaços para ampliar as possibilidades de atividades de aprendizagem.
O que deve ter uma sala de aula para uma educação de qualidade?
Precisa fundamentalmente de professores bem preparados, motivados, e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada. Isso é incontestável.
Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e tecnologias, das simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.
Um computador em sala com projetor multimídia são recursos necessários, embora ainda caros, para oferecer condições dignas de pesquisa e apresentação de trabalhos a professores e alunos. São poucos os cursos até agora bem equipados, mas, se queremos educação de qualidade, uma boa infra-estrutura torna-se cada vez mais necessária.
Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que o professores e alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, páginas WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas também para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesquisas, de atividades realizadas no ambiente virtual de aprendizagem (um fórum previamente realizado, por exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line, com notícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado em classe. Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas salas que detêm esses equipamentos.
Essa infra-estrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto, mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na gestão das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o professor provoca o aluno, o “desorganiza”, o desinstala, o estimula a mudanças, a não permanecer acomodado na primeira síntese.
Do ponto de vista metodológico o professor precisa aprender a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala de aula. Uma das dimensões fundamentais do educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de informações que temos, organizar numa síntese coerente (mesmo que momentânea) das informações dentro de uma área de conhecimento. Compreender é organizar, sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar. Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa compreensão, criar uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses, novos momentos e formas de compreensão. Para isso o professor precisa questionar, tensionar, provocar o nível da compreensão existente.
Predomina a organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional. O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o nível de conhecimento de mundo que ele tem.
Predomina a “desorganização” no planejamento didático quando o professor trabalha encima de experiências, projetos, novos olhares de terceiros: artistas, escritores...
Em qualquer área de conhecimento podemos transitar entre a organização da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades que facilitam a organização e outras a superação. O relato de experiências diferentes das do grupo, uma entrevista polêmica podem desencadear novas questões, expectativas, desejos. Mas também há relatos de experiências ou entrevistas que servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar o que já conhecemos.
Por exemplo, na utilização do vídeo na escola, vejo dois momentos ou focos que podem alternar-se e combinar-se equilibradamente:
1) Quando o vídeo provoca, sacode, provoca inquietação e serve como abertura para um tema, como uma sacudida para a nossa inércia. Ele age como tensionador, na busca de novos posicionamentos, olhares, sentimentos, idéias e valores. O contato de professores e alunos com bons filmes, poesias, contos, romances, histórias, pinturas alimenta o questionamento de pontos de vista formados, abre novas perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, sentir e de avaliar com mais profundidade.
2) Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese, um olhar específico com o qual já estamos trabalhando. É o vídeo que ilustra, amplia, exemplifica.
O vídeo e as outras tecnologias tanto podem ser utilizados para organizar como para desorganizar o conhecimento. Depende de como e quando os utilizamos.
Educar um processo dialético, quando bem realizado, mas que, em muitas situações concretas, se vê diluído pelo peso da organização, da massificação, da burocratização, da “rotinização”, que freia o impulso questionador, superador, inovador.
Um dia todas as salas de aula estarão conectadas às redes de comunicação instantânea. Como isso ainda está distante, é importante que cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita com os alunos ao “laboratório de informática”, a uma sala de aula com micros suficientes conectados à Internet. Nessa aula (uma ou duas) o professor pode orientá-los a fazer pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais significativos para a área de conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos; a que aprendam a distinguir informações relevantes de informações sem referência. Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na realização de atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa individual e grupal.
Uma outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso das tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos virtuais: conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca material, como se enviam atividades, como se participa num fórum, num chat, tirar dúvidas técnicas. Esse contato com o laboratório é fundamental porque há alunos pouco familiarizados com essas novas tecnologias e para que todos tenham uma informação comum sobre as ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os materiais virtuais do curso.
Tudo isto pressupõe que os professores foram capacitados antes para fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e nos ambientes virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).
Quando temos um curso parcialmente presencial podemos organizar os encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes. Primeiro, nos encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo de professores e alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e confiamos mais rapidamente ao estar ao lado da pessoa como um todo, ao vê-la, ouvi-la, senti-la. Depois, é mais fácil explicar e organizar o processo de aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas, organizar grupos, discutir propostas. É muito mais fácil também aprender a utilizar os ambientes tecnológicos da educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar os alunos, os que sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos aprendem juntos. No presencial também é mais fácil motivar os alunos, atender às demandas específicas, fazer os ajustes necessários no programa.
O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do aluno um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias, todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às vezes todos juntos, outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar às vezes na escola; outras, em outros espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual. Comunicar os resultados da pesquisa para todos e para o professor. Relacionar os resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los.
Mais tarde, depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta ao presencial adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto intelectual como afetivo. Já nos conhecemos, mas fortalecemos esses vínculos; trocamos experiências, vivências, pesquisas. Aprendemos juntos, tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo virtual. Fazemos novos ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e motivamos os alunos para que continuem pesquisando, se encontrando virtualmente, contribuindo.
Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores contribuições dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas, entre outras formas de avaliação.

3. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem

Os alunos já se conhecem, já tem as informações básicas de como pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de aprendizagem. Agora já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos.
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo.
Os ambientes virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de aula. O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que se encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem o que estamos fazendo na sala de aula e no laboratório. Começamos algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um tema, organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as dúvidas iniciais. Depois vamos para a Internet e orientamos e acompanhamos as pesquisas que os alunos realizam individualmente ou em pequenos grupos. Pedimos que os alunos coloquem os resultados em uma página, um portfólio ou que nos as enviem virtualmente, dependendo da orientação dada. Colocamos um tema relevante para discussão no fórum ou numa lista e procuramos acompanhá-la sem sermos centralizadores nem omissos. Os alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos alguns comentários mais gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que pareça prioritário, fazemos sínteses provisórias do andamento das discussões ou pedimos que alguns alunos o façam.
Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para um debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância, atuando como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de atividade.
Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de atendimento semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line, para atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos. Sempre que possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu espaço virtual de aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos colegas, como forma de aprender colaborativamente.
Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o presencial é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado na volta à sala de aula, tornando mais claros os pontos de divergência que havia no virtual.
Creio que há três campos importantes para as atividades virtuais: o da pesquisa, o da comunicação e o da produção. Pesquisa individual de temas, experiências, projetos, textos. Comunicação, realizando debates off e on-line sobre esses temas e experiências pesquisados. Produção, divulgando os resultados no formato multimídia, hipertextual, “linkada” e publicando os resultados para os colegas e, eventualmente, para a comunidade externa ao curso.
A Internet favorece a construção colaborativa, o trabalho conjunto entre professores e alunos, próximos física ou virtualmente. Podemos participar de uma pesquisa em tempo real, de um projeto entre vários grupos, de uma investigação sobre um problema de atualidade. O importante é combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula: conhecer-nos, motivar-nos, reencontrar-nos, com o que podemos fazer a distância pela lista, fórum ou chat – pesquisar, comunicar-nos e divulgar as produções dos professores e dos alunos.
É fundamental hoje pensar o currículo de cada curso como um todo, e planejar o tempo de presença física em sala de aula e o tempo de aprendizagem virtual. A maior parte das disciplinas pode utilizar parcialmente atividades a distância. Algumas que exigem menos laboratório ou estar juntos fisicamente podem ter uma carga maior de atividades e tempo virtuais. A flexibilização de gestão de tempo, espaços e atividades é necessária, principalmente no ensino superior ainda tão engessado, burocratizado e confinado à monotonia da fala do professor num único espaço que é o da sala de aula.
Os cursos de formação, os de longa duração, como os de graduação, precisam ampliar o conceito de integração de reflexão e ação, teoria e prática, sem confinar essa integração somente ao estágio, no fim do curso. Todo o currículo pode ser pensando em inserir os alunos em ambientes próximos da realidade que ele estuda, para que possam sentir na prática o que aprendem na teoria e trazer experiências, cases, projetos do cotidiano para a sala de aula. Em algumas áreas, como administração, engenharia, parece mais fácil e evidente essa relação, mas é importante que aconteça em todos os cursos e em todas as etapas do processo de aprendizagem, levando em consideração as peculiaridades de cada um.
Se os alunos fazem pontes entre o que aprendem intelectualmente e as situações reais, experimentais, profissionais ligadas aos seus estudos, a aprendizagem será mais significativa, viva, enriquecedora. As universidades e os professores precisam organizar nos seus currículos e cursos atividades integradoras da prática com a teoria, do compreender com o vivenciar, o fazer e o refletir, de forma sistemática, presencial e virtualmente, em todas as áreas e ao longo de todo o curso.
A Internet e as novas tecnologias estão trazendo novos desafios pedagógicos para as universidades e escolas. Os professores, em qualquer curso presencial, precisam aprender a gerenciar vários espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. O primeiro espaço é o de uma nova sala de aula equipada e com atividades diferentes, que se integra com a ida ao laboratório conectado em rede para desenvolver atividades de pesquisa e de domínio técnico-pedagógico. Estas atividades se ampliam a distância, nos ambientes virtuais de aprendizagem conectados à Internet e se complementam com espaços e tempos de experimentação, de conhecimento da realidade, de inserção em ambientes profissionais e informais.
É fundamental hoje planejar e flexibilizar, no currículo de cada curso, o tempo e as atividades de presença física em sala de aula e o tempo e as atividades de aprendizagem conectadas, a distância. Só assim avançaremos de verdade e poderemos falar de qualidade na educação e de uma nova didática.

Bibliografia

AZEVÊDO, Wilson. A vanguarda (tecnológica) do atraso (pedagógico): impressões de um educador online a partir do uso de ferramentas de courseware. Disponível em <www.aquifolium.com.br/educacional/artigos/vanguarda.html>. Acesso em: 18/01/2004.
BELLONI, Maria Luisa. Educação a distância. Campinas: Autores Associados, 1999.
LITWIN, Edith (org). Educação a distância; temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2000.
LUCENA, Carlos & FUKS, Hugo. A educação na era da Internet. Rio de Janeiro: Clube do Futuro, 2000.
MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 15a ed. São Paulo: Papirus, 2008.
_____________________. Textos sobre Tecnologias e Comunicação in www.eca.usp.br/prof/moran
PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo comunidades de aprendizagem no ciberespaço – Estratégias eficientes para salas de aula on-line. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2001.
SILVA, Marcos (Org.). Educação Online: teorias, práticas, legislação, formação corporativa. São Paulo: Loyola, 2003.


O que são Satélites

O que são Satélites
Os satélites estudados, desenvolvidos e construídos por organismos tecnológicos e científicos internacionais criados e mantidos por Amadores de Rádio, são uma parte essencial do Serviço de Satélites de Amador (tal qual é definido e reconhecido pela UIT e pelas administrações de radiocomunicações dos estados membros das Nações Unidas). As comunicações aeroespaciais são uma das áreas com mais futuro na exploração do espaço e das radiocomunicações. São o sector que os amadores em Portugal menos tem vindo a praticar e desenvolver, porque no geral, as pessoas com menos qualificação tecnológica consideram que as comunicações de rádio se fazem nas frequências abaixo de 30 MHz. Gerou-se uma crença (errada) de que, explorar satélites de amador, é uma operação complexa em termos de meios e de conhecimentos radioeléctricos, o que não é necessariamente verdade. Existem satélites que podem ser operados sem ter de se estudar a sua exploração durante meses a fio, e muito menos, sem ter de se dispor de sofisticados equipamentos de rádio e antenas.
É muito provável que na sua maioria, em cada uma das actuais estações de amador, possam existir equipamentos e meios técnicos suficientes para se operar um satélite de amador, de forma a que qualquer um se possa iniciar neste interessante campo da Rádio e das comunicações aeroespaciais.

Fotos AMSAT
Fotografias relativas à integração técnica do satélite OSCAR-7, desenvolvido e fabricado por Amadores de Rádio membros da AMSAT no ano de 1974. Imagem da sua instalação e lançamento a bordo de um foguete da NASA.
Este documento contém um conjunto de questões e respostas, susceptíveis de elucidarem qualquer um acerca da forma como deverá proceder para se equipar e explorar as comunicações através de satélites. O objectivo da AMSAT-CT é proporcionar a difusão e tradução para o mundo português, através da adaptação de diversos documentos originais criados em todo o mundo pela estrutura da AMSAT Amateur Radio Satellite Corporation da qual a AMRAD é, através da secção AMSAT-CT, delegação portuguesa, criando um espaço associativo a partir da qual se terão melhores possibilidades de inteirar e partilhar tecnologias essenciais à exploração destes e outros domínios espaciais e científicos.
1. Afinal o que é um Satélite ?
Um satélite artificial é um sistema que orbita em torno do nosso planeta, com uma altitude e velocidade constante. Geralmente os satélites estão equipados com meios radioeléctricos e são dotados de energia, dispondo ou não, de um sistema de controlo remoto. O satélite artificial é um equipamento modular integrado, a voar no espaço exterior da Terra. O conceito do satélite artificial enquanto veículo espacial e suporte de uma estrutura receptora e emissora, foi desenvolvido por Artur C. Clark, um radioamador britânico. A sua aplicação torna-se realidade quando Sergei Koreleve em 1957, faz o lançamento para o espaço do Sputnik-1, um satélite composto por um pequeno emissor de rádio. Em Dezembro de 1961, quatro anos depois, é lançado no espaço o OSCAR-1, que se torna no primeiro satélite de amador. Existem satélites que cumprem todas as aplicações necessárias do ponto de vista técnico e científico, e que podem ou não, ser repetidores, geradores e transdutores de informação diversa, mas onde toda a informação tem de ser gerada e processada electronicamente através das comunicações por meios de Rádio.
2. Como funciona um Satélite?
Na mais corrente das aplicações, quando se emitem sinais na direcção de um satélite, estes sinais são recebidos pelo receptor do satélite que os amplifica, converte espectralmente, podendo desmodular ou processar, quer comandos, quer os sinais terrestres, que os reenvia através da cadeia emissora do satélite, como sinais destinados a todas as estações que operarem no mesmo espectro radioeléctrico do satélite. Na mesma ocasião, em qualquer lugar do mundo que esteja situado no horizonte artificial do satélite, outro amador ou utilizador, pode receber os sinais de rádio e responder ao chamador. É assim que se processa uma retransmissão aeroespacial, ou como em síntese, pode funcionar um satélite por mais elementar que ele seja.
3. Como se movimentam os satélites através do espaço exterior da Terra ?
Os satélites disponíveis, através dos quais podemos ensaiar as comunicações efectuadas pelo Serviço de Satélite de Amador, dispõem basicamente de dois tipos de órbitas terrestres: a circular e a elíptica.
A órbita circular é efectuada pelos satélites que orbitam a Terra de forma circular, ou seja, aqueles que mais ou menos conseguem manter a mesma distância em relação à Terra, entre os pólos e o equador, com movimento e altitude orbital constantes em relação à superfície terrestre. Esta é a mais comum e conhecida das órbitas.
Os satélites que efectuam órbitas elípticas tem uma característica peculiar porque permanecem a orbitar mais tempo sobre a mesma localização terrestre, focando o mesmo horizonte artificial durante várias horas ou dias, pelo facto das suas órbitas serem bastante mais extensas e longínquas da Terra, quer a partir dos pólos, quer do equador. Existe um terceiro tipo de órbita, que é denominada por geo-estacionária, em virtude do satélite acompanhar o movimento de rotação e permanecer focado no mesmo horizonte terrestre.
4. Qual é a cobertura terrestre de um satélite ?
Tal como os vulgares repetidores de rádio instalados no alto de uma montanha dispõem de uma maior cobertura em relação ao horizonte e curvatura da crosta terrestre, também os satélites dispõem de horizonte artificial que lhes permite grandes áreas de cobertura na chamada linha de vista radioeléctrica. Os satélites de órbita polar baixa orbitam a Terra a partir de altitudes variáveis e que geralmente começam em torno dos 300 km e podem ultrapassar os 2000 km de altitude em relação aos pólos. Com esta posição orbital, o satélite dispõe de um horizonte artificial onde é visto, e ilumina em termos radioeléctricos, a mesma área continental que pode ir de Portugal à América, ou cobrir uma substancial parte da Europa e da África.
Há quem denomine esta zona iluminada ou cobertura do campo radioeléctrico do satélite, por zona de sombra ou foot print. Será mais adequado chamar-lhe horizonte artificial do satélite, que é a área onde qualquer estação terrena pode emitir e receber sinais de um satélite em termos de rádio-visibilidade. Todas as estações que simultaneamente se encontram dentro do horizonte artificial do satélite podem contactar entre si através da retransmissão feita a partir do próprio satélite. Nas condições orbitais dos satélites polares de baixa altitude, a duração do período de retransmissão depende da janela do satélite, que é o tempo da passagem do satélite dentro do referido horizonte artificial, sendo a velocidade constante em relação à superfície terrestre. O horizonte é maior quanto mais elevada for a órbita polar. Nos satélites tudo tende a ser constante no espaço, incluindo a velocidade que é cerca de 35.000 km/h.
Projecção terrestre de dois tipos de órbita, na figura da direita um satélite de órbita elíptica, a imagem da esquerda reporta um satélite de órbita polar de baixa altitude, em ambos os casos a marcação de cor branca indica o horizonte artificial ou footprint do satélite, cujo diâmetro varia com a altitude da órbita e pode ser superior a 5.000 km
5. Quantas vezes um satélite polar pode passar sobre a mesma localização ?
Qualquer satélite de órbita polar baixa, dentro de um período de 24 horas, passa pelo mesmo lugar cerca de 4 a 6 vezes, sendo a orientação magnética dessas passagens invertida, em virtude do movimento da rotação da Terra, dado que o sentido orbital do satélite é constante.
O tempo de duração de cada uma das passagens depende da verticalidade da órbita em relação à localização terrestre da estação, que pode em condições médias, oferecer passagens de 10 a 18 minutos cada uma delas, dependendo da altitude da órbita. No geral, podemos utilizar um satélite polar de órbita baixa durante mais de 1 hora num dia de actividade normal. No presente, o Serviço de Satélite de Amador dispõe de mais de 20 satélites a operar, o que nestas condições, nos facultam mais de 15 horas diárias de consecutiva operação, feita por satélites e por serviços diversos.
6. Qual a razão da nova geração de satélites ser de órbita elíptica ?
As facilidades presentes que nos são conferidas pelas tecnologias de utilização dos satélites de órbita elíptica, oferecem outras características e potencialidades de exploração. Os satélites de órbita elíptica dispõem de dois pontos determinantes: durante o perigeu, eles oferecem as passagens mais próximas da Terra, e durante o apogeu, permitem tempos de acesso maiores, em virtude das passagens serem as mais distantes da Terra. A maior facilidade que resulta deste modelo de órbita, é o facto de que durante o apogeu, o satélite ter um horizonte artificial máximo sobre a superfície terrestre, dado que estas distâncias ultrapassam os 45.000 km. Por consequência, o tempo na duração do horizonte artificial, pode ser superior a 10 horas de rádio-visibilidade, sobre a mesma localização terrestre.
Tecnicamente, os satélites de órbita elíptica podem ser equivalentes à criação artifical de qualquer uma das faixas de ondas-curtas. A maior diferença para o operador de satélites, centra-se no facto de ser quase imperceptível o efeito de Doppler, porque este efeito ocorre de forma muito acentuada, durante as passagens dos satélites de órbita polar baixa. O efeito de Doppler resulta de efeitos da física, produzidas pela velocidade elevada e constante a que o satélite é sujeito durante a sua rotação orbital. É um fenómeno de efeitos radioeléctricos, pela variação positiva e negativa das frequências portadoras, que ocorre em ambos os sentidos, dos sistemas emissor e receptor do satélite e da estação terrena. Uma compensação (manual ou automática) é essencial, para uma correcta sintonia de ambos os sistemas situados dentro do cone de passagem radioeléctrica do satélite, em relação ao ponto vertical relativo com a posição terrena da estação de seguimento.
É pois baseado neste fenómeno físico que hoje funcionam os sistemas GPS, cuja primeira aplicação foi efectuada através do satélite de amador da AMSAT, o OSCAR 6 durante o ano de 1973. Só depois da descoberta desta aplicação, se passaram a desenvolver comercialmente qualquer um dos actuais sistemas de posicionamento global por satélite.
7. A localização orbital do satélite. Quando é que ele passa sobre a minha posição terrestre ?
A previsão das órbitas dos satélites foi no início da exploração espacial e até aos anos de 1975 um verdadeiro quebra cabeças. Já lá vai a época da régua de cálculo, então denominada por OSCAR LOCATOR. Mesmo assim, só depois de 1985 as coisas se tornaram mais simples com a utilização de máquinas de calcular e da computação simples do XT. Hoje, qualquer computador AT a operar em MS-DOS e com 20 Mb de disco, pode instalar um software de cálculo, processar dados e ilustrar mapas referentes às órbitas de um satélite, incluindo o comando automático de rotores e correcções de efeito de Dopller.
Entre as mais populares e acessíveis versões de software recomendamos o Instant Track para MS-DOS. Esta versão é actual para o terceiro milénio. Produz imagens gráficas a cores, fornece dados importantes sobre a passagem vertical, a aproximação e o afastamento da satélite, a elevação e o azimute, ou a posição vertical do satélite seleccionado, em qualquer parte da sua órbita. Com a instalação de alguns drivers, ele pode efectuar o comando automático dos rotores e fazer a correcção de efeito de Doppler, bem como a sintonia automática dos sistemas emissor e receptor.
Existem no entanto softwares mais evoluidos e já desenvolvidos para sistemas operativos actuais, como sejam o Windows 98, 2000, XP, X-Windows ou MAC OS. Entre eles destacamos o Predict para LINUX que se baseia numa estrutura principal , o servidor, que efectua todos os cálculos. Ligados ao servidor, podem estar vários clientes de modo gráfico que recebem os dados já prontos a mostrar no ecrã de um computador terminal qualquer. Para MS Windows destacamos o Nova for Windows que é bastante completo. Permite entre outras coisas, a actualização dos dados Keplerianos pela Internet, o acerto das horas por ligação a relógio atómico, o controlo de rotores ou ajuste de Doppler nos rádios. Permite visualizar o footprint de vários satélites em simultâneo e fazer a impressão das passagens de satélites em papel, para ocasiões em que o computador não pode ser utilizado.
8. Na passagem orbital de um satélite, existe uma melhor situação quanto ao ângulo de elevação ?
A melhor situação na passagem de um satélite é a vertical do lugar, o que raramente ocorre. Nestas condições, o ângulo de elevação terrestre em relação ao satélite é máximo, ou sejam os 90º de elevação. O cone de aproximação na passagem vertical e afastamento é máximo, numa órbita vertical. Mas esta condição não significa que seja a melhor, pois qualquer órbita pode ser boa, desde que seja superior ao horizonte artificial de 2º a 4º e seja uma passagem sobre uma localização desafogada em termos de horizonte, ou seja, sem montanhas e sem prédios ao redor da estação terrena.
9. A entidade que faculta as informação sobre os Dados de Kepler, essenciais aos cálculos orbitais ?
A NORAD é a entidade que nos Estados Unidos da América do Norte, efectua o rastreio e as medições de todos os satélites em órbita no espaço exterior da Terra. São essas informações que nos são depois fornecidas através de Dados Keplerianos ou de Kepler.
Depois de receber estas informações através da AMSAT e dos seus organismos representantes, podemos instalar esses dados num computador, fazer correr num software de cálculos orbitais os elementos neles contidos.
Estes elementos Keplerianos são editados em publicações da especialidade, ou existem directamente em bases de dados disponíveis na Internet. Eles estão disponíveis para a comunidade de Amadores de Rádio, através da AMSAT e em dois formatos distintos: NASA ou 2Lines, e AMSAT. No geral, todos os programas de cálculo, conseguem processar ambas as versões de keps. Leia o artigo editado pela AMSAT-CT, denominado: DADOS KEPLERIANOS.
10. Existem muitos satélites disponíveis para o Serviço de Satélite de Amador ?
Com o começo do novo milénio, estão disponíveis, no decurso dos anos de 2001 e 2002, mais de 20 satélites, todos eles pertencentes ao Serviço de Satélite de Amador.
Tendo ocorrido ainda um fenómeno único na história aeroespacial, que foi o ressurgimento em Junho de 2002, do satélite OSCAR-7, um satélite de amador tecnicamente dado como desaparecido em 1980, fazia mais de 21 anos.
Satélites Operacionais
Analógicos: AO-7, ISS, FO-29,AO-27
Digitais: ISS, UO-22, GO-32, NO-45, MO-46
Satélites Semi-Inoperacionais
Analógicos: RS-15, FO-20,
Digitais: UO-11, AO-16, LO-19, UO-22,
Satélites Inoperacionais
Analógicos: - AO-10, RS-12, RS-13, RS-15, SO-33, SO-41
Digitais: DO-17, WO-18, KO-23, TO-31, PO-34, SO-35, UO-36, AO-40, SO-42, NO-44, AO-49

11. Que tipo de disciplinas ou que actividades se podem encontrar nos satélites de amador ?
Ao longo dos anos, os radioamadores tecnicamente qualificados, e que em parceria com outros grupos de investigação e desenvolvimento, nomeadamente as universidades e forças de defesa, têm vindo a desenvolver e a colocar em serviço diferentes tipos de sistemas, incluindo satélites dedicados a áreas temáticas diversas. Designadamente para fins ambientais e educativos.
Ao contrário da visão consumista, que certa industria e comércio de materiais de rádio quis transmitir junto do cidadão comum acerca do Serviço de Amador, este não é, nem nunca foi, uma charada. Tanto mais que a história e os imperativos suscitados pelas culturas civilizacionais exigem de todos nós, incluindo dos Amadores da Rádio e das comunidades científicas e tecnológicas, uma atitude construtiva e de serviço público, sustentada por organismos sérios e dedicados, que tem por prioridade, a educação, as culturas de saber e do conhecimento, o desenvolvimento humano global, em absoluta liberdade e respeito pelos direitos e deveres comuns das sociedades e das nações. Uma atitude de clara consciência, uma prioridade sobre o lúdico, desportista e consumista.
Nestes termos, tem sido a NASA, a ESA e a Agência Espacial Russa que ao lado de escassos governos de outros estados membros das Nações Unidas, tem ajudado a comunidade dos radioamadores a estudar e a desenvolver, construindo e colocando em órbita da Terra inúmeros satélites de amador. Para o novo milénio e para este século XXI, estão disponíveis satélites através dos quais se podem operar todos os serviços ou modos de transmissão actualmente existentes. São mais os satélites disponíveis do que a qualificação técnica e a destreza operativa de qualquer um de nós individualmente, associada com o tempo livre de os poder operar. Podemos operar satélites a partir da sempre actual telegrafia manual, passando pela banda lateral única ou dupla, o rádio-teletipo, a televisão de varrimento lento, o FM, o FSK e todos os elaborados modos de transmissão digital e vectorial, que nos dão acesso à comunicação directa individual, à difusão geral, à teledetecção e controlo remoto de sistemas. Preparam-se os radioamadores, através da AMSAT, para a navegação e para a viagem espacial. São estes grandes desafios tecnológicos do futuro e da humanidade.
12. É fácil operar através de um desses satélites de amador ?
A facilidade ou a complexidade na operação de um satélite de amador, depende obviamente das características técnicas do satélite seleccionado. Podemos dividir os satélites por serviços analógicos e digitais, em quatro grupos essenciais, a saber:
a) Satélites de órbita polar de baixa altitude, dedicados a serviços analógicos.
Estes são, aparentemente, os satélites mais acessíveis e fáceis de operar. Compostos essencialmente por sistemas retransmissores, de banda estreita, e de banda larga. Os sistemas retransmissores de banda larga são denominados por transponders lineares, pois são sistemas lineares, que efectuam a transposição espectral de uma faixa com determinada largura de banda, para outro espectro ou segmento de banda. São sistemas que dispõem de uma largura de banda (no caso dos amadores) de 30, 50 ou 100 KHz. Nas aplicações comerciais eles atingem vários MHz de largura de banda. Nestas aplicações, um transponder linear ao invés de efectuar a retransmissão de um canal simples (tipo FM) ou de uma única transmissão, ele efectua a retransmissão integral de um espectro sem ser sequer desmodulado. Chama-se uma transposição em banda base nos casos em que o sinal é recebido por um receptor, tratado a nível de RF por um sistema de frequência intermédia, é transposto para outro espectro e amplificado numa cadeia emissora de potência. O sinais são compostos por múltiplos tipos de emissões diferentes e de banda estreita, do tipo USB, CW, RTTY, SSTV, FSK BPSK, PSK, onde se podem incluir emissões ou serviços analógicas e digitais de pequena ocupação espectral, entre 150 Hz e 3 KHz.
Os sistemas retransmissores de banda estreita são como vulgares repetidores de FM (F3E) ou NBFM.
Eles fazem a repetição de uma emissão em modulação de frequência ou fase, são desmodulados e retransmitidos através de um canal ou faixa de áudio, a ser de novo modulada na frequência que se desejar retransmitir, tal qual é feito num repetidor terrestre.
Estes satélites são muito populares entre os amadores de menos recursos técnicos. São fáceis de operar e podem até ser compostos por mais de um receptor de FM, cujos sinais de áudio, uma vez desmodulados, são misturados ou seleccionados à entrada do modulador comum de um único emissor destinado ao downlink ou ligação de descida do satélite. A ocupação espectral recomendada para este tipo de satélites é de cerca de 5KHz a 12,5 KHz, poucos são os sistemas modernos que ocupam 25 KHz.
b) Satélites de órbita polar de baixa altitude, dedicados a serviços digitais.
Estes são os satélites de órbita circular polar que operam principalmente packet nas suas diversas modalidades. São o equivalente terrestre a uma BBS de packet. Nesta ocasião, estão operativos mais do que 10 satélites deste tipo. Entre estes, contam-se os satélites tradicionais a operarem a 1200 bps, vulgarmente conhecidos por pacsats. São eles a ISS, UO-14, AMSAT OSCAR 16, o satélite argentino LUSAT o LO-19 e outros referidos na tabela anterior.
Existem ainda os satélites como UO-22 e KITSAT OSCAR 25 que também fazem serviço de BBS, mas a operar a velocidades de 9600 bps. Estes satélites foram equipados com sistemas de teledetecção, incluindo câmaras e sistemas de fotografia, que transmitem para a Terra imagens sobre a forma digital.
Uma nova geração de satélites digitais de 9600 bps a operarem em FSK foi lançada no espaço, entre os quais se incluem os ITAMSAT-A, KITSAT-B, EYESAT-A e ainda o malogrado satélite português PoSAT-1, que está tecnicamente operativo, mas ao que se sabe, nem sequer é utilizado por nenhuma entidade nacional, seja ela militar ou civil, nem para fins educativos ou científicos. Entre este grupo de satélites, está incluído o UNAMSAT, que é o primeiro satélite mexicano.
c) Satélites de grande altitude e órbita elíptica, dedicados a serviços analógicos e digitais.
Estes são, conforme referimos, os satélites que melhor nos permitem efectuar comunicações entre múltiplos continentes. As comunicações intercontinentais, tal qual se fazem nas faixas de ondas-curtas. Nestes satélites utilizam-se todos os serviços de banda estreita, quer sejam serviços analógicos ou digitais.
Os requisitos técnicos são mais elaborados, nomeadamente os ganhos de conjunto das antenas, pois as quantidades de energias radioeléctrica em jogo e necessárias para cobrir tão grandes distâncias, são substancialmente menores. Aqui jogam-se as melhores aplicações, as melhores e mais adequadas instalações, os menores factores de ruído térmico de uma instalação, quer seja de um receptor, de uma antena ou conjunto de antenas.
Estes são os satélites da Fase 3 que entre eles se destacam o OSCAR 10, um satélite que faz vários anos, está para concluir o seu ciclo de vida útil, mas que se mantém resistente e em funcionamento.
E depois deste, temos o mais o recente de todos eles, o satélite da Fase 3-D, o AO-40 ou OSCAR 40.
d) Estações orbitais ou satélites tripulados.
Por último, as naves espaciais tripuladas: são o caso de sucesso da Estação Espacial Russa - MIR, a quem prestamos a nossa homenagem, pela forma inteligente, como foi explorada em termos culturais pela Agência Espacial Russa, num claro exemplo de múltiplas parcerias e adequadas partilhas culturais e científicas. Onde os Amadores de Rádio se viram naturalmente envolvidos durante muitos anos.
A prosseguir o mesmo espírito de vanguarda, temos hoje a ISS e a ARISS - Amateur Radio on International Space Station, tal qual tivemos antes o projecto SAREX e a participação dos amadores em inúmeras missões STS a bordo do Space Shuttle americano.
Todas estas aeronaves têm instalados a bordo equipamentos diversos de radiocomunicações nas faixas de HF, VHF e UHF, meios dedicados ao serviço de amador e com os quais se partilham imensas experiências em diversos campos científicos, tecnológicos, culturais, educativos e humanitários.
Actualmente a ISS está operacional nas faixas de amador, através dos esforços e gestão da ARISS, um esforço institucional, a partir da qual é possível contactar para fins culturais e educativos, os astronautas e cosmonautas que nela habitam e trabalham, através de radiocomunicações directas, efectuadas por diferentes serviços ou modos analógicos e digitais.
13. Quais são afinal, os modos ou serviços disponíveis nos diversos satélites ?
O termo modo é tido no Serviço de Satélite de Amador como a banda ou faixa de frequências que se utilizam. O modo não é mais do que o tipo de emissão e recepção, que se pode emitir ou receber de um qualquer satélite de amador.
São diversos os tipos de emissão e recepção que podem ser enviados ou recebidos por um satélite. Pode no entanto parecer complexa a descrição de cada um dos serviços, vulgarmente usados nestes campos da experimentação das ciências radioeléctricas.
Num satélite, o modo significa a identificação da banda que posso utilizar para operar através do satélite, ou seja, que banda se utiliza na ligação de subida para o satélite ou uplink, a banda que se usa para emitir, ou a banda que utiliza na ligação de descida do satélite ou downlink, a banda onde se recebem os sinais do satélite através da estação terrena.
São os seguintes, os planos de banda ou modos convencionados, para o Serviço de Satélite de Amador:

Modo

Uplink

Downlink

Banda

Frequências

Banda

Frequências

A2m145MHz10m29MHz
B70cm435MHz2m145MHz
J2m145MHz70cm435MHz
K15m21.2MHz10m29MHz
L23cm1.2GHz70cm435MHz
S70cm435MHz13cm2.4GHz
T15m21.2MHz2m145MHz
Nos planos de Banda destinados aos satélites de amador, ocorrem denominações com 2 letras, tais como Modo JA ou Modo JD. Nestas situações, a forma de operação do satélite deve ser feita para o caso do Modo JA em modo J em serviço Analógico, e na situação referencia como Modo JD, opera-se no Modo J em serviço Digital.
Noutras ocasiões, vimos que um determinado satélite opera em modo composto, como por exemplo Modo KA, isto significa que se pode operar um Uplink quer na banda dos 15 metros (21.2 MHz) quer na banda dos 2 metros (145 MHz), e que em ambas as ligações se faz o Downlink na banda dos 10 metros (29 MHz).
14. Qual é a potência de emissão requerida para uma ligação através de satélite ?
A operação através de um satélite não requer especificamente o emprego de potências elevadas, apenas a necessária. Porquanto o emprego de sistemas lineares de transposição de frequência ou transponders são fortemente afectados pelo emprego de sinais fortes, que descriminam as estações com ligações menos estáveis, saturando os andares de saída da cadeia emissora do satélite e reduzindo substancialmente a potência do emissor no Downlink. Este é um sintoma evidente de que o PA do satélite está a ser protegido pelo seu sistema de ALC.
Quando se utilizam sistemas de antenas do tipo YAGI-UDA ou outras antenas direccionais, não se aconselha a utilizar potências de emissão superiores a 80 no máximo 100 W.
15. Classificação dos Satélites
O sector industrial da exploração comercial de satélites, está hoje mais dedicado à colocação de satélites no espaço em órbitas geo-estacionários, e com massas úteis que podem variar entre 1000 Kg e mais de 5 toneladas onde se podem incluir as estações orbitais tripuladas.
Em seguida vamos saber o que significa o termo de pequeno satélite, e que utilidades se podem conferir à exploração espacial.
Em muitas outras aplicações, que aliás, estão na origem da própria exploração espacial, surgem a construção e o lançamento pelos russos e americanos, dos primeiros satélites como foram o Sputnik, o Explorer e o Vanguard entre os anos de 1957 e 1961. Neste concurso, de saber e conhecimentos, estão desde a primeira hora, os Amadores de Rádio ou radioamadores, como são vulgarmente conhecidos.
A evolução das engenharias aeroespacial e electrónica tem permitido potenciar e explorar tecnologias alternativas, que permitiram entre outras, reduzir substancialmente o tamanho e aumentar a eficiência dos satélites. Estas condições permitem reduzir o tamanho dos satélites de tal forma que são hoje classificados da seguinte forma:
Grupo do satélite

Massa do satélite

LARGE satellite> 1000kg
MEDIUM satellite500 a 1000kg
SMALL satellite< 500kg
MINI100 a 200kg
MICRO10 a 100kg
SMALL satellites:NANO1 a 10kg
PICO0,1 a 1kg
FEMTO< 100gr

Nas condições atrás referidas, são conhecidos e utilizados imensos termos na classificação e definição dos satélites, entre os quais referimos: Cheapsat e os SmallSat que incorporam os MicroSat, MiniSat, NanoSat, e ainda os PicoSat e FemtoSat, sendo provável que outras classes de satélites venham a ser descobertas e aplicadas.
Todas estas terminologias representam claros conceitos técnicos que são objectivos, e filosofias de utilização dos próprios satélites, que estão inseridas em programas de aplicação entre os pequenos e os grandes satélites.
Algumas entidades designam no seu conjunto como LightSats, os satélites que se inserem nos sistemas de satélites baratos (single purpose inexpensive satellite systems), onde se incluem alguns satélites do serviço de amador e satélites militares tácticos. O conceito do pequeno satélite ou SmallSat surge assim por duas vias: 1) a possibilidade da miniaturização do próprio satélite e 2) a possibilidade de o lançar no espaço a partir de pequenos foguetes lançadores. Estes dois factores conjugam-se num novo conceito industrial de: rápido a construir, melhor versão da anterior, pequeno em tamanho e consumo de energia, mais barato na construção e lançamento.
Não só nos satélites, bem como em muitas outras aplicações aeroespaciais utilizadas no voo interior e exterior da Terra, os satélites artificiais inventados pelo radioamador britânico Sir Arthur C. Clark são uma realidade estrutural. São parte corrente e estratégica os pequenos satélites, porque nos permitiram reduzir os custos industriais de construção e lançamento, de tempo de fabrico e escala de desenvolvimento.
A tecnologia empregue nos satélites pequenos, possibilitam outras aplicações como a simulação de satélites através do voo passivo de balões na alta atmosfera terrestre, ou em aeronaves eléctricas controladas remotamente nos voos atmosféricos acima dos 10.000 metros de altitude, num espaço onde os aviões convencionais já não podem voar. Tudo isto nos permite desenvolver aplicações novas e conhecimentos susceptíveis de nos levarem à moderna exploração do espaço, facilitando o desenvolvimento tecnológico terrestre, com maior rapidez e rotação na renovação dos sistemas e utilizações, que permitem novas soluções, melhorias e inovações constantes.
Neste domínio os radioamadores integrados na AMSAT e nas associações confederadas na IARU, tem dado um importante contributo, em termos de exploração das comunicações aeroespaciais, com novas aplicações no desenvolvimento das múltiplas tecnologias utilizadas ao longo do vasto espectro radioeléctrico, dedicado ao serviço de satélite de amador.
A classificação universal de Small Satellite é utilizada para definir todas as aeronaves em órbita da Terra que possuam uma massa inferior a 500 quilogramas, entre as quais se incluem, na generalidade, um grande número dos satélites construídos e lançados no espaço por organismos de radioamadores, integrados e parceiros da AMSAT.
Esta inovação da tecnologia integrada permitiu a diversificação e criação de satélites entre os 100 e 200 kg, assim como mais oportunidades de desenvolvimento e criação de novos satélites.
16. Em que organizações eu me devo filiar, com o propósito de prosseguir, com orientação técnica e enquadramento federativo, as disciplinas e áreas temáticas do Serviço de Amador e Serviço de Satélite de Amador ?
No sentido geral, o Serviço de Amador atravessa uma grave crise de participação a nível mundial.
A industrialização e comercialização de equipamentos de rádio destinados a radioamadores, que ocorreu a partir de meados dos anos de 1970, facilitou o acesso massivo a centenas de milhares de pessoas. Na mesma proporção, e ao arrepio do crescimento e da estruturação, nem os governos, nem as associações confederadas na IARU, conseguiram enquadrar e gerir esta imensa massa humana. São hoje às centenas de milhares os radioamadores sem conhecimentos técnicos, que um pouco por todo o mundo, utilizam gratuita e impunemente, todos os meios retransmissores, os satélites e outras facilidades tecnológicas e estruturais, designadamente os serviços de Bureau e QSL da IARU, sem que contribuam financeiramente ou estejam sequer filiados e federados em nenhuma associação de radioamadores.
Parece-nos absolutamente ignóbil, absolutamente despida de humanidade e de sentido cívico, esta atitude de directa desresponsabilização dos radioamadores que infelizmente assim procedem, um pouco por todos os países da Europa, da América, Ásia, África e Oceânia, um facto que lamentamos assinalar.
Tem sido investidos pela AMSAT e pelas mais empenhadas associações de radioamadores da Europa, da América e do resto do mundo, somas avultadas de dezenas de milhões e milhões de dólares, algumas vezes apoiados e financiados por diversos governos e entidades privadas, sem que muitas centenas de milhares de radioamadores, utilizadores frequentes destes meios técnicos de excepção, se disponham a estar filiados e a contribuir, para tais desenvolvimentos. Aqui fica um apelo! Seja filiado numa associação local, regional ou nacional, confederada na IARU.
São as seguintes as organizações que deverá contactar:
Nos Estados Unidos da América do Norte:
AMSAT
850 Sligo Ave. Suite 600
Silver Spring, MD 20910
USA

Na Internet http://www.amsat.org
Em Portugal:
AMSAT-CT: www.amrad.pt
AMSAT-PO: www.radioamadores.net
Livrarias ou Editoras Técnicas:
  • The Satellite Experimenters Handbook (ARRL)
  • The ARRL Satellite Antology (ARRL)
  • Having Fun Getting Started on the Oscar and Weather Satellites! (R. Myers Communications)
  • The AMSAT Journal (AMSAT)
  • Oscar Satellite Report (R. Myers Communications)
  • Satellite Operator (R. Myers Communications)
  • CQ Radio Amateur
  • QST, World Radio (ARRL)
  • Practical Wireless
  • 73 Amateur Radio










A AMSAT deseja agradecer a cooperação da AMSAT-CT, pela edição deste artigo em português.

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Gestão Ambiental: Surgimento e importância

Gestão Ambiental: Surgimento e importância
Jéssica Gonçalves de Oliveira
Resumo
O objetivo deste trabalho é identificar a importância de uma empresa utilizar de uma Gestão Ambiental. Baseando também essa gestão dentro das normais (padrões) da ISO 14001, e as pequenas controvérsias que há entre a ISO 14001 e o SGA (Sistema de Gestão Ambiental), colocando seus sistemas, modo de utilização, e os benefícios que esses trazem a organização e a sociedade onde ela, ou seja, o seu ambiente externo. E discutindo também sobre as conseqüências que poderá ocorre se não houver a utilização deste.
Palavras-Chave
Surgimento da Gestão Ambiental; ISO 14001; SGA; Gestão Ambiental;
  1. Introdução
Esse estudo tem como objetivo mostrar a Gestão Ambiental em âmbito empresarial, seu surgimento e benefícios. Caracterizando a importância da sociedade e o meio em que vive que resultou na propulsão do surgimento deste, enquanto ferramentas e estratégias que podem ser usadas para a criação desse desenvolvimento sustentável e aceitação por parte de sua equipe.
Sendo necessário mesmo sua implantação nas empresas? Mostrando sua real apreensão e objetivo de Gestão Ambiental, não somente em seu ambiente interno como também em seu ambiente externo.
  1. Surgimento e implantação nas empresas: Gestão Ambiental
A uma busca de respeito à Natureza e seu recursos, renováveis ou não, com cada vez mais atividades econômicas. Apresentando suas preocupações de diversas formas, como, o grande e crescente numero de pressão referente à diminuição de recursos, e marcos reguladores ambientais (nacionais e internacionais).
Essa grande preocupação teve seu surgimento entre os anos 70 e 80, como duas forte forças condutoras. A primeira na década de 70, nos países desenvolvidos o governo impôs aos administradores melhoras em relação ao meio ambiente e empresa. Quanto à década de 80, ouve um crescimento muito grande de ambientalistas, que passaram a assumir papeis muito importantes na escolha de estratégias ambientais corporativas.
Nesses dois períodos ouve respostais significativas de empresas, tanto a sanções legais, quanto a sociais. Durante esses períodos se via manifestações inermes das empresas com relação à responsabilidade social, porém a partir destes períodos empresas começaram a criar departamentos voltados as questões ambientais.
A partir de 1990 muitas empresas começaram a colocar o meio ambiente como uma forma de estratégia, cujo qual Varadarajan (1992) chamou de “enviropreneurial marketing”, que se defini em atividades de marketing benéficas empresariais e ambientais, que visão os objetivos da empresa e os anseios sociais.
Assim, novas series de situações ambientais começaram a surgir nas empresas, como: invertidos e acionistas, que se interessou com as positivas performances ambientais e econômicas. Começando então, não só as pressões vindas do governo e do desejo social, mas também por acionistas, compradores, bancos e consumidores e/ou por concorrência. Onde a empresa passa a ser orientada para o meio ambiente. O relacionamento entre negócios e a Natureza é recíproco: negócios causam efeitos no meio ambiente e este nos negócios, que podem ser afetados de modo significativo na sua rentabilidade, reputação, no moral de seus colaboradores, no relacionamento com clientes e na apreensão dos investidores. (SOLITANDER, ET AL, 2002).
E a partir do ano 2000, vemos a cultura de negócios e desenvolvimento da sustentabilidade e responsabilidade socioambiental ser uma grande influencia, utilizando como ferramentas o Ecodesing (colocando o desing na produção combinando com a saúde e segurança durante todo o ciclo de vida dos processos da empresa) e Ecoeficiência (ação que agrega as ações ambientais em todas as áreas da empresa).
Logo com todas essas especulações surgi a Gestão Ambiental Empresarial, que foca o estudo de estratégias e economia através de uma boa convivência entre natureza e empresa. Deste modo afetando não somente o ambiente em que atua (interno), mas também o ambiente externo.
  1. Benefícios da Gestão Ambiental
Gerenciar uma organização de modo ambientalmente correto pode resultar em benefícios consideráveis para as empresas que o fazem como, por exemplo: redução de custos, dados o menor índice de refugos de produção, incentivos para a inovação, oportunidades de novos negócios, melhorias na qualidade do produto, diminuições de pressões regulamentadoras, entre outros. (Leandro Jose, 2007)
As empresas que não utilização de gestão ambiental estão sujeitas a perder oportunidades no mercado consumidor e obtendo riscos de se responsável por danos ambientais, significando grandes somas de dinheiro e colocando então em perigo o seu futuro.
Vejamos dois tipos de benefícios desta gestão, os benefícios econômicos e estratégicos.
Os econômicos estão relacionados à Economia de custo: reduz consumo de água, energia e outros insumos, devido também a reciclagem e redução de multas; Incremento de receitas: aumento na contribuição de produtos “verdes” que podem ser vendidos por preços mais altos, inovação de produtos e menos concorrência e novas linhas de produto;
Os benefícios estratégicos são: melhorias na imagem, maior produtividade, comprometimento do pessoal, melhoria nas relações com os órgãos governamentais e melhor adequação aos padrões ambientais.
Dessa forma os benefícios tragos pela gestão ambiental fazem crescer muito a utilização deste em empresas. Colocando também a motivação que a ISO 14001, proporciona.
  1. Sistema de Gestão Ambiental (SGA) e a ISO 14001
O Sistema de Gestão Ambiental faz com que haja um comportamento voluntario das empresas e gestores na redução do impacto ambiental de suas atividades ou produtos. E para que isso ocorra tem que haver uma identificação e metas e fins ambientais e que desenvolva uma política ambiental sólida. Devendo indicar seu impactos ambientais, criar procedimentos de controles e gestão para controlar seus impactos.
Outra forma de redução de impacto é o treinamento dos empregados, para ter a certeza que será seguida as suas políticas, procedimentos e metas. Além disso, é de estrema necessidade que haja um sistema de documentação que explique todo os procedimentos a ser tomados para que seja seguida suas políticas, facilitando assim suas revisões administrativas e processos de auditorias.
Um SGA freqüentemente é submetido a auditorias, que abrangem ora a estrutura do sistema, ora o desempenho ambiental da empresa. Enquanto muitas empresas utilizam-se de sua auditoria interna, outras preferem auditorias externas, dado que a independência proporciona isenção e reconhecimento externo. Neste contexto, configura-se a ISSO 14001, o padrão de SGA desenvolvido pelo International Organization Standartization (ISO). (Joaquim Camilo, 2006)
A SGA pode ser personalizada para se adequar ás necessidade da empresa, porém para a empresa obter a certificação da ISO 14001, a empresa deve aderir totalmente aos padrões da mesma. Segundo Bansal e Hunter (2003) há seis descrições para uma SGA, entrar nos padrões da ISSO 14001:
  1. Estabelecimento de uma política ambiental;
  2. Identificação das atividades, produtos e serviços da empresa, que interajam com o meio ambiente;
  3. Identificação das leis existentes;
  4. Estabelecimento das prioridades da empresa e definição de objetivos e metas de redução dos impactos ambientais;
  5. Adaptação da estrutura da empresa para alcançar seus objetivos, que contemple a definição de responsabilidades, a realização de treinamentos, a comunicação e documentação; e
  6. Checagem e ajuste do sistema de gestão ambiental, se for o caso.





Essa ISO é o componente mais importante da série da ISO 14000, e a única que tem certificação. Surgindo em resposta da integração econômica global. Essa é mais desenvolvida em grandes empresas em países desenvolvidos. Esse fato é por que suas normais são de complexidades técnicas, também esta ligada aos custos envolvidos, ocasionando sua inviabilização a empresas de pequenos e médios portes.
Apesar de apresentar uma série de benefícios, conforme já evidenciado, a ISO 14001 possui algumas limitações. Uma delas está no fato dos participantes se auto-selecionarem, uma vez que se trata de medidas voluntarias [...] (Joaquim Camilo, 2006)
Outra limitação é que o fato de certificação do SGA nos padrões da ISO 14001 não pode ser substituído pelos padrões de gestão ambiental apresentados por outros organismos. Tornando-se um processo de melhoria continua.
Considerações finais
Finalmente podemos ver que a Gestão Ambiental tem uma grande importância para uma organização empresarial, que sem ela não só melhora em relação a custo da corporação, como também proporciona uma nova imagem que a empresa vai passar para seus consumidores, empregados, governo e compradores.
Sendo assim de suma importância essa gestão, não apenas para ganho próprio, todavia também a população em sua volta.
Referências
DE CASTRO, Joaquim Camilo. A influência dos sistemas de gestão ambiental baseados na ISO 14001 no valor de mercado das empresas brasileiras com ações negociadas na Bovespa. 2006. Monografia – Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciências da Computação e Informações, UnB, Brasília, 2006.
DE SOUZA, Renato Santos. Fatores de formação e desenvolvimento das estratégias ambientais nas empresas. 2004. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.
MORILHAS. Leandro José. O estágio emergente das práticas ambientais no desenvolvimento de produtos das organizações inovadoras: Um estudo exploratório. 2007. Monografia – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, USP, São Paulo, 2007.
Hrdlicka, Hermann Atila. As boas práticas de gestão ambiental e a influência no desempenho exportador: Um estudo sobre as grandes empresas exportadoras brasileiras. 2009. Tese de Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.