Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sobre a Rio+20

Sobre a Rio+20
 
 

A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, será realizada de 13 a 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro. A Rio+20 é assim conhecida porque marca os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92) e deverá contribuir para definir a agenda do desenvolvimento sustentável para as próximas décadas.
A proposta brasileira de sediar a Rio+20 foi aprovada pela Assembléia-Geral das Nações Unidas, em sua 64ª Sessão, em 2009.
O objetivo da Conferência é a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

A Conferência terá dois temas principais:

  • A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e
  • A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
A Rio+20 será composta por três momentos. Nos primeiros dias, de 13 a 15 de junho, está prevista a III Reunião do Comitê Preparatório, no qual se reunirão representantes governamentais para negociações dos documentos a serem adotados na Conferência. Em seguida, entre 16 e 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. De 20 a 22 de junho, ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Conferência, para o qual é esperada a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas.

Os preparativos para a Conferência

A Resolução 64/236 da Assembleia-Geral das Nações Unidas determinou a realização da Conferência, seu objetivo e seus temas, além de estabelecer a programação das reuniões do Comitê Preparatório (conhecidas como “PrepComs”). O Comitê vem realizando sessões anuais desde 2010, além de “reuniões intersessionais”, importantes para dar encaminhamento às negociações.
Além das“PrepComs”, diversos países têm realizado “encontros informais” para ampliar as oportunidades de discussão dos temas da Rio+20.

O processo preparatório é conduzido pelo Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais e Secretário-Geral da Conferência, Embaixador Sha Zukang, da China. O Secretariado da Conferência conta ainda com dois Coordenadores-Executivos, a Senhora Elizabeth Thompson, ex-Ministra de Energia e Meio Ambiente de Barbados, e o Senhor Brice Lalonde, ex-Ministro do Meio Ambiente da França. Os preparativos são complementados pela Mesa Diretora da Rio+20, que se reúne com regularidade em Nova York e decide sobre questões relativas à organização do evento. Fazem parte da Mesa Diretora representantes dos cinco grupos regionais da ONU, com a co-presidência do Embaixador Kim Sook, da Coréia do Sul, e do Embaixador John Ashe, de Antígua e Barbuda. O Brasil, na qualidade de país-sede da Conferência, também está representado na Mesa Diretora.
Os Estados-membros, representantes da sociedade civil e organizações internacionais tiveram até o dia 1º de novembro para enviar ao Secretariado da Conferência propostas por escrito. A partir dessas contribuições, o Secretariado preparará um texto-base para a Rio+20, chamado“zero draft” (“minuta zero” em inglês), o qual será negociado em reuniões ao longo do primeiro semestre de 2012.

Baixe aqui a apresentação em slides com o histórico da Rio+20 - ("Como chegamos até aqui")

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Processo de Industrialização do Brasil - Resumo

Em 1919, as fábricas de tecidos, roupas, alimentos, bebidas e fumo eram responsáveis por 70% da produção industrial brasileira.

Em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, essa porcentagem havia se reduzido para 58% por causa do aumento da participação de outros produtos, como aço, máquinas e material elétrico, mas a industrialização brasileira ainda contava, predominantemente, com a instalação de indústrias de bens de consumo não-duráveis e investimentos de capital privado nacional.

Em 1942, teve início um período de investimento estatais em indústria de base e nos setores de infra-estruturas, como energia e transportes.
Com a política desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek (1956-1960), concretizada em seu Plano de Metas, instalaram-se no país filiais de indústrias multinacionais de bens de capital e de bens de consumo duráveis.
Todas essas fases fizeram parte de uma política de substituição de importações que perdurou até o começo da década de 1970.

A associação de capitais privados, nacionais e estrangeiros, com investimentos estatais levou a formação, no Brasil, de um parque industrial complexo nos setores de bens de consumo, de produção e de capital.
Porém ainda é insuficiente para abastecer as necessidades sendo necessário importa máquinas, equipamentos e alguns produtos siderúrgicos não fabricados no país.

Atualmente, a atividade industrial é responsável por cerca de 25% do PIB brasileiro.
Os setores predominantes são as industriais siderúrgicas, metalúrgicas, mecânicas, elétricas, química e de celulose.
Em conjunto, esses setores são responsáveis por mais de 80% do produto industrial do país.
Vem crescendo bastante o investimento em industriais ligadas às novas tecnologias, como robótica, aeronáutica, eletrônica, telecomunicações, mecânica de precisão e biotecnologia.
Abertura da economia brasileira na década de 1990 facilitou a entrada de muitos produtos importados, forçando as empresas nacionais a se modernizarem e a incorporarem novas tecnologias ao processo produtivo para concorrerem com as empresas estrangeiras.
Assim, embora a produção industrial tenha crescido 24,8%, o período 1994 - 2002 (segundo o Anuário Estatístico do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), reduziu-se a necessidade de mão-de-obra nas fábricas, favorecendo o desemprego estrutural.

Entre os aspecto positivos da dinâmica atual brasileira, podemos destacar o grande potencial de expansão no mercado interno, os aumentos nos volumes absoluto e relativo nas exportações de produtos industrializados, o aumento na produtividade, a melhora da qualidade dos produtos e uma maior dispersão espacial dos estabelecimentos industriais.

Porém a indústria ainda enfrenta vários problemas que aumentam os custos e dificultam uma maior participação no mercado externo: deficiência e altos preços nos transportes, baixos investimentos públicos e privados em desenvolvimento tecnológico, baixa qualificação da força de trabalho e barreiras tarifárias e não-tarifárias impostas por outros países à importação de produtos brasileiros.

Capitalismo x Socialismo, Sistemas Econômicos, Características, Diferenças

Para entendermos a divisão política e econômica do mundo atual é necessário recorrermos ao estudo dos Sistemas Socio-econômicos , como se deu o seu desenvolvimento e as Características e Diferenças em cada região. Hoje vamos, portanto, explicar os Principais pontos do Capitalismo e do Socialismo:
Capitalismo e Socialismo, Sistema Econômico, Características, Diferenças conflito capitalismo socialismo guerra FRIA
Existem dois sistemas Socio-Econômicos vigentes: o Capitalismo, que se caracteriza pela existência de classes sociais e Lucro como objetivo da produção; e o Socialismo, caracterizado pela ausência de classes sociais e planificação da economia.
Resumo do Capitalismo – História e Desenvolvimento
Sistema presente na maioria dos países, teve origem nos séculos XIII e XIV quando surge a Burguesia na Europa. Já nos séculos XVI ao XVIII, o comércio era a principal atividade, e essa fase foi conhecida como Capitalismo Mercantil ou Comercial.
Com a ampliação do comércio internacional, acúmulo de capital, fortalecimento da Burguesia e alianças com os governantes o Capitalismo se consolidou, e já na Revolução Industrial (1750) alcançou a fase conhecida como Capitalismo Industrial.
A partir desse período aumentou a Competição entre os países por Mercado consumidos e matéria prima, resultando, no século XIX, no Imperialismo ou Neocolonialismo na Ásia e África, pelos países europeus. Porém após a 2ª Guerra Mundial com as potências européias enfraquecidas surgem os Estados Unidos como grande investidor externo, graças ao acúmulo de dinheiro e crescente poder político e militar. Além disso nesse século XX, houve o predominio do sistema bancário, as grandes corporações financeiras e o mercado globalizado. Começa aqui a fase do Capitalismo Financeiro que se estende até a atualidade.
As Características mais marcantes do Capitalismo atual são: Multinacionais e Transnacionais, acúmulo de capital, monopólio, Internacionalização da produção e Nova divisão internacional do trabalho.
Capitalismo e Socialismo, Sistema Econômico, Características, Diferenças capitalismo socialismo diferencas
Resumo do Socialismo – Diferenças entre Comunismo e Socialismo, História
Essas doutrinas surgiram no século XIX, época do Capitalismo Industrial, com influência de teoria de Karl Marx e Engels. Para eles o Comunismo seria a última etapa do desenvolvimento Revolucionário Socialista o qual seria caracterizado pela abolição do Estado e perfeita igualdade entre os homens. Porém divergências entre os líderes dos movimentos socialistas culminaram em divisões:
* Na 1ª Guerra Mundial, em Bolcheviques (comunistas – russo mais radicais como Lenin e Stalin) e Mencheviques (mais moderados e via processo parlamentar)
* Assim o Comunismo passou a qualificar o movimento político russo (1917) e o Socialismo passou a indicar a filosofia de Estado dos social-democratas.
Características Principais: Estatização dos meios de produção, desenvolvimento social como objetivos e redistribuição de renda.
Atualmente, após o período da Guerra Fria (conflito político e Ideológico entre URSS e EUA, Socialismo x Capitalismo) e consequente queda da União Soviética, poucos países se mantêm socialistas, por exemplo Cuba segui um regime mais fechado, enquanto China e Coréia do Norte tem economia mais liberal e globalizada, porém não deixam de ter regimes sociais fechados.
** Gostou das Informações sobre Socialismo, Comunismo e Capitalismo? Deixe suas Dúvidas e Comentários sobre o Tema para o Not 1…



As três Revoluções Industriais

chaminés de indústrias
A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, no século XVIII (1780-1830). A Inglaterra foi o primeiro país a passar por esta revolução.
Por volta de 1830, a Primeira Revolução Industrial se completou na Inglaterra, e daí migrou para o continente europeu. Chegou à Bélgica e França, países próximos do arquipélago britânico. Por volta dos meados do século XIX, atravessou o Atlântico e rumou para os Estados Unidos. E, no final do século, retornou ao continente europeu para retomar seu fio tardio na Alemanha e na Itália, chegando, também, ao Japão.
O ramo característico da Primeira Revolução Industrial é o têxtil de algodão. Ao seu lado, aparece a siderurgia, dada a importância que o aço tem na instalação de um período técnico apoiado na mecanização do trabalho.
O sistema de técnica e de trabalho desse período é o paradigma manchesteriano, nome dado por referência a Manchester, o centro têxtil por excelência representativo desse período. A tecnologia característica é a máquina de fiar, o tear mecânico. Todas são máquinas movidas a vapor originado da combustão do carvão, a forma de energia principal desse período técnico. O sistema de transporte característico é a ferrovia, além da navegação marítima, também movida à energia do vapor do carvão.
A base do sistema manchesteriano é o trabalho assalariado, cujo cerne é o trabalhador por ofício. Um trabalhador qualificado é geralmente pago por peça.
A Segunda Revolução Industrial começou por volta de 1870. Mas a transparência de um novo ciclo só se deu nas primeiras décadas do século XX. Foi um fenômeno muito mais dos Estados Unidos que dos países europeus.
E esta segunda revolução industrial que está por trás de todo desenvolvimento técnico, científico e de trabalho que ocorre nos anos da Primeira e, principalmente, da Segunda Guerra Mundial.
A Segunda Revolução Industrial tem suas bases nos ramos metalúrgico e químico. Neste período, o aço torna-se um material tão básico que é nele que a siderurgia ganha sua grande expressão. A indústria automobilística assume grande importância nesse período. O trabalhador típico desse período é o metalúrgico. O sistema de técnica e de trabalho desse período é o fordista, termo que se refere ao empresário Ford, criador, na sua indústria de automóveis em Detroit, Estados Unidos, do sistema que se tornou o paradigma de regulação técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial.
A tecnologia característica desse período é o aço, a metalurgia, a eletricidade, a eletromecânica, o petróleo, o motor a explosão e a petroquímica. A eletricidade e o petróleo são as principais formas de energia.
A forma mais característica de automação é a linha de montagem, criada por Ford (1920), com a qual introduz na indústria a produção padronizada, em série e em massa.
Com o fordismo, surge um trabalhador desqualificado, que desenvolve uma função mecânica, extenuante e para a qual não precisa pensar. Pensar é a função de um especialista, o engenheiro, que planeja para o conjunto dos trabalhadores dentro do sistema da fábrica.
Temos aqui a principal característica do período técnico da Segunda Revolução Industrial: a separação entre concepção e execução, separando quem pensa (o engenheiro) e quem executa (o trabalhador em massa). É, pois, o taylorismo que está na base do fordismo. É criação do taylorismo (Taylor, 1900) essa série de segmentações que quebra e dissocia o trabalho em aspectos até então organicamente integrados, a partir da separação entre o trabalho intelectual e o trabalho manual (operários).
Taylor elabora um sistema que designa de organização científica do trabalho (OIT).
O trabalho taylorizado é especializado, fragmentado, não-qualificado, intenso, rotineiro, insalubre e hierarquizado.
A Terceira Revolução Industrial tem início na década de 1970, tendo por base a alta tecnologia, a tecnologia de ponta (HIGH-TECH). As atividades tornam-se mais criativas, exigem elevada qualificação da mão-de-obra e têm horário flexível. E uma revolução técnico-científica, tendo a flexibilidade do toyotismo. As características do toyotismo foram desenvolvidas pelos engenheiros da Toyota, indústria automobilística japonesa, cujo método foi abolir a função de trabalhadores profissionais especializados para torná-los especialistas multifuncionais, lidando com as emergências locais anonimamente.
A tecnologia característica desse período técnico, que tem início no Japão, é a microeletrônica, a informática, a máquina CNC (Controle Numérico Computadorizado), o robô, o sistema integrado à telemática (telecomunicações informatizadas), a biotecnologia. Sua base mistura, à Física e à Química, a Engenharia Genética e a Biologia Molecular. O computador é a máquina da terceira revolução industrial. É uma máquina flexível, composto por duas partes: o hardware (a máquina propriamente dita) e o software (o programa). O circuito e o programa integram-se sob o comando do chip, o que faz do computador, ao contrário da máquina comum, uma máquina reprogramável e mesmo autoprogramável. Basta para isso que se troque o programa ou se monte uma programação adequadamente intercambiável. A organização do trabalho sofre uma profunda reestruturação. Resulta um sistema de trabalho polivalente, flexível, integrado em equipe, menos hierárquico. Computadorizada, a programação do conjunto é passada a cada setor da fábrica para discussão e adaptação em equipe (CCQ), na qual se converte num sistema de rodízio de tarefa que restabelece a possibilidade de uma ação criativa dos trabalhadores no setor.
Para efetivar esta flexibilização do trabalho de execução, distribui-se pelo espaço da fábrica um sistema de sinalização semelhante ao do tráfego.
Elimina-se pela reengenharia grande parte da rede de chefias.
Toda essa flexibilização técnica e do trabalho toma-se mais adaptável ao sistema econômico. Sobretudo a relação entre produção e consumo, por meio do JIT (just-in-time) e Kanban.
A verticalização do tempo fordista cede lugar à horizontalização. Com a horizontalização terceirizada e subcontratada, o problema dos altíssimos investimentos que a nova tecnologia pede é contornado e o controle da economia agora transnacionalizada fica nas mãos de um punhado ainda menor de empresas. Sob a condução delas, a velha divisão imperial do planeta cede lugar à globalização.
As novas regiões industriais de alta tecnologia, de ponta, unem centros produtores de tecnologia com indústrias de informações, associados a grandes centros de pesquisa (universidades): são os tecnopólos.
O principal tecnopólo é o Vale do Silício, localizado na Califórnia (EUA) ao sul de São Francisco, próximo da Universidade de Stanford. Outros exemplos importantes são: a chamada Route 128, perto de Boston e do MIT (EUA), a região de Tóquio-Yokohama (Japão), a região Paris-Sud (França), o corredor M4, ao redor de Londres Reino Unido), a região de Milão (Itália), as regiões de Berlim e Munique (Alemanha), Moscou, Zelenogrado e São Petersburgo (Rússia), São Paulo-Campinas-São Carlos (Brasil).
(A Sociedade em Rede, Manuel Castelis, Vol. 1)

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O pensamento complexo

O pensamento complexo

08.04.2008 por João Nunes da Silva
O pensamento complexo é uma forma de pensar, analisar e agir na sociedade a partir da idéia de complexidade. Esse termo não significa aquilo que é muito complicado e, portanto, não deve ser levado muito a serio tendo em vista que nunca se entenderá mesmo.
O termo complexidade vem de complexus e significa a totalidade, isto é, aquilo que é formado por um todo global, de modo que não podemos compreender algo se separarmos do seu conjunto. Mas, para compreender esse tipo de pensamento, precisamos nos voltar as diversas formas pelas quais o ser humano construiu para compreender a sociedade. Ao longo do tempo os homens buscaram compreender o mundo que os rodeiam.Essa ânsia tem sido cada vez maior a partir do momento em que se percebe a necessidade de viver melhor.
A forma racional de refletir sobre o mundo a nossa volta vem, portanto, de muitos anos atrás. Mas foi com as grandes revoluções, como a industrial e a francesa, que surgiram novas necessidades de compreensão da vida, dos problemas e, também, a tentativa de compreender como as coisas funcionam para poder controlar, planejar e galgar novos passos rumo ao progresso e a felicidade.É nesse contexto que surgiram as chamadas Ciências Sociais, tendo como primeira forma o positivismo, cujo pensamento e metodologia de estudo da sociedade se baseia nas idéias de Descartes e no evolucionismo de Darwin. Com isso, nasce uma Sociologia Positivista baseada na idéia de linearidade e de ordem.
O pensamento positivista influencia significativamente no desenvolvimento das sociedades modernas, especialmente com a industrialização e, por sua vez, a racionalidade como parte fundamental para o progresso da humanidade.As idéias positivistas, fundadas por Augusto Comte, logo se espalham pelo mundo moderno e contribuem para o surgimento de uma sociedade cientifica e tecnológica a serviço do Capitalismo, cujo principio é o lucro máximo. A partir de então, parecia que o mundo, finalmente, ficaria melhor, de modo que todas as pessoas alcançariam a felicidade, especialmente em função do capital e dos bens matérias. Essa era a lógica da sociedade moderna, cujos fundamentos estavam no Positivismo e, em seguida, no pensamento funcionalista e sistêmico.
O funcionalismo tem como principal teórico o pensador francês Durkheim, também clássico da Sociologia. A idéia desse teórico é que a sociedade é um todo orgânico, de modo que as partes são interdependentes, assim como acontece no organismo biológico. durkheim influencia vários teóricos, entre eles, Parsons com sua abordagem O pensamento sistêmico, por sua vez, tem como principal representante, o americano Talcott Parsons. Sua idéia é que a sociedade moderna funciona como um grande sistema formado por vários subsistemas.
No caso, a sociedade é um todo sistema e que necessita de vários subsistemas para o seu funcionamento e reprodução. Tal pensamento alimentou o desenvolvimento da sociedade industrial capitalista e tem sido bastante utilizado pelo segmento do empresariado capitalista.
A abordagem sistêmica de Parsons tem servido muito mais na ótica do produção capitalista, cujos trabalhadores são vistos como partes do sistema, assim, devem adaptarem-se aquele e, conseqüentemente, contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
Por sua vez, a teoria da complexidade nasce a partir dos pensamentos linear e sistêmico. Pode-se afirmar que a abordagem complexa contém o pensamento sistêmico, bem como, a dialética.
O principal teórico da complexidade é Edgard Morin (1920). As suas idéias de complexidade parte da percepção de que a sociedade moderna, mais especificamente, com o avanço da tecnologia e dos sistemas de informação, tem trazido uma dinâmica crescente e exigido novas formas de compreensão do mundo que não fosse pautado na linearidade (reducionismo), nem tampouco simplesmente no holismo, mas sim na totalidade.
A complexidade nega a linearidade, que se traduz no reducionismo e, portanto, no determinismo. Também, embora a idéia de sistema seja importante, não se deve reduzi-lo a idéia de produção, conforme tem acontecido no meio empresarial e industrial. Para o pensamento complexo deve-se considerar que tudo faz parte de um sistema complexo em constante interação e nos dá a idéia do todo dinâmico.
Veja que a complexidade considera sim os sistemas, todavia, não se resume à ótica positivista e reducionista da sociedade industrial. Para Morin, a complexidade está presente nas diversas relações sociais, bem como, nas instituições e organizações, mas não holisticamente e sim, considera que o todo é maior e menor ao mesmo tempo que a soma das partes, isto é, complexo.
A complexidade considera a idéia de transacionalidade, o que significa a noção de um conjunto dinâmico com todas as suas contradições possíveis. A importância do pensamento complexo está em não se prender a modelos para se compreender as realidades as quais estão em constantes mudanças.
Nesse sentido, para atuar na sociedade e saber lidar com as diversas situações, cabe a idéia de complexidade, quando não reduzimos essa noção a uma posição meramente sistêmica em favor da ordem vigente. Melhor dizendo, a teoria da complexidade surge pela necessidade de uma sociedade cuja dinâmica favorece varias situações. Nas ciências sociais, a complexidade tem sua utilidade, não como modismo, mas sim como uma visão flexível para se analisar os fenômenos sociais.
Links sobre complexidade
1. http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n36/a10v1236.pdf
2. http://www.iecomplex.com.br/textos/pensamento_complexo.pdf
3. http://www.ufrrj.br/leptrans/link/_O_que%20_e_o_Pensamento_Complexo.rtf
4. http://biodanca.blogspot.com/2007/09/o-pensamento-complexo-teorias-da.html
5. > http://www.planetanews.com/produto/L/207666/pensamento-complexo-humberto-mariotti.html
6. http://edgarmorin.sescsp.org.br/
7. http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Morin

PENSAMENTO LINEAR X PENSAMENTO SISTÊMICO


‘O organismo em equilíbrio é um organismo morto’
Professor da Pós-Graduação em Medicina Comportamental e Terapias cognitivas-comportamentais do Instituto de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina (UNIFES), José Carlos Mazzilli é um dos principais nomes no Brasil quando se fala em pensamento sistêmico. Em entrevista à Interactius, o também coordenador de Especialização em Programação Neurolingüistica do IBEHE, acaba com o mito da homeostase (a busca dos seres por equilíbrio) e explica as diferenças entre o pensamento lógico-linear e o pensamento sistêmico.
Qual a diferença do pensamento lógico-linear e do pensamento sistêmico?
Mazzilli - Pensamento lógico-linear é unidirecional e excludente. Uma coisa é ou não é. Como é um tipo de pensamento que não acredita em contradições, então se você parte do pressuposto errado, todo o resto será errado (o pressuposto que não dá bom resultados). O pensamento lógico-linear deriva da análise. Como se você pegasse uma estrutura e a dividisse em partes, a fragmentasse - como a medicina faz, pega um órgão, o decompõe, estuda todas as partes desse órgão e a partir das partes forma o todo. O pensamento sistêmico é oposto. De acordo com esse pensamento, se você dividir o sistema em partes, você está destruindo o sistema, porque as partes não têm a qualidade do todo. O todo é conseqüência da relação das partes com o todo. No pensamento sistêmico você valoriza mais o todo do que as partes. É um pensamento que tem feedback, isso torna possível o sistema aprender com os seus erros. Já no linear isso não acontece, pois é uma linha continua de relação causa-efeito.

Como seria essa relação causa-efeito?
A principal característica é do pensamento lógico-linear é ser causal, onde a causa está sempre antes da conseqüência. O pensamento sistêmico não diz isso, diz que a causa vêm em função do relacionamento das partes. Por exemplo, no pensamento lógico-linear, quando um casal se separa existe sempre a pergunta: de quem foi a culpa? Na abordagem sistêmica não existe culpa, existe sim um resultado, um feedback do contexto. Não existe erro. Se em um cetro contexto você fizer uma ação e repetir o comportamento em outros contextos, você vai obter sempre o mesmo resultado. A pergunta no pensamento sistêmico não é qual é a causa, é sempre qual é o padrão, porque o padrão é como o indivíduo se acopla ao meio-ambiente.

Como funcionam as aplicações desses pensamentos para a resolução de problemas de uma pessoa?
O pensamento lógico-linear possui uma postura de querer livrar-se dos problemas. Toda a base terapêutica neste pensamento é composta pelo profissional ajudar o paciente a se livrar do problema. Na abordagem sistêmica, diferentemente da lógico-linear, identifica-se o padrão, ensina-se o paciente a mudar o padrão, a mudar o sistema de pensamento. Ou seja, é uma terapia de aprendizagem, onde você prepara melhor o indivíduo. O resultado disto é que na abordagem sistêmica, por ser uma aprendizagem, se ensina uma nova postura ao paciente e ele consegue resolver ou enfrentar seus problemas.

Quais as diferentes percepções sobre o comportamento de uma pessoa, de acordo com os pensamentos sistêmicos e lógico-linear?
No caso do lógico-linear, tudo vem de fora, o paciente é colocado como uma vítima na circunstância, vítima da relação causa-efeito. Então, no caso do pensamento lógico-linear, o ser humano é produto do meio e ocorre muito o determinismo, ou seja, as coisas acontecem porque tem que acontecer. É basicamente uma transferência de responsabilidades. Você passa para outra pessoa a sua responsabilidade. Neste caso, o controle das emoções e do comportamento fica muito difícil, porque você não controla o meio-ambiente, nem as pessoas. Então a pessoa neste tipo de pensamento, por muitas vezes se sente impotente. Todas as técnicas terapêuticas neste pensamento são de “evitamento” ou sobre como lidar com o inevitável. Para todo o problema existe uma causa básica que está no passado e ela que deve ser identificada. No caso da abordagem sistêmica não, a percepção é outra. O comportamento não é determinado por causas do passado, mas sim pela criação de expectativas que a pessoa tem a respeito do futuro, algo que se alcança ou não. Você tem que identificar os padrões que levam o indivíduo a perceber o mundo daquela forma, a maneira como ele cria idéias e estados emocionais que o levam a gerar determinados comportamentos.

E como a terapia então se encaixa em tudo isso? Como ela se encaixa com o pensamento sistêmico ?
A terapia consiste em quebrar o padrão. Todas as ferramentas da PNL são técnicas que quebram padrões. Para a ciência ainda usada atualmente, o ser humano é visto como passivo. Ele recebe impressões do meio ambiente que são levados para sua neurologia, como uma máquina fotográfica, que apenas registra o meio. Essa concepção não é mais aceita pela ciência moderna, porque senão todos os seres humanos reagiriam da mesma maneira. De acordo com a teoria sistêmica da cognição, de Humberto Maturana e Francisco Varella, que mudou completamente a postura do ser humano perante o meio-ambiente, a percepção não deve ser vista como uma representação externa de uma realidade externa. Pelo contrário, a percepção é um organismo vivo sem especificar realidade através do processo de organização circular de seu sistema nervoso. Desse modo, o organismo se acopla estruturalmente com o meio-ambiente como o seu próprio meio-ambiente interno. São desses acoplamentos que surgem as representações mentais. É a Teoria da Auto-poiese. Os relacionamentos com o meio ambiente é que produzem os resultados. O indivíduo tem a parcela de responsabilidade em qualquer resultado que obtenha. Ele sempre contribui para ele.

Essa responsabilidade parte da escolha do indivíduo então?
Na abordagem sistêmica existe uma grande síntese sobre a vida, porque é uma teoria que é aplicável a todos os seres vivos. Todos os seres vivos têm três coisas fundamentais: a primeira é o padrão de organização, que é uma configuração de relações internas que determinam as características essenciais em um ser vivo. A segunda é a estrutura: a parte física do padrão de organização sistêmica. E a terceira é o processo vital: as atividades envolvidas na incorporação e manutenção do padrão de organização sistêmica.Isto significa que o sistema nervoso é auto-referente e tem uma organização circular e é por isso que as pessoas percebem de maneira diferente, porque eles selecionam do meio-ambiente os atrativos a que se acoplam.

A repetição de padrões de comportamento é escolha do próprio indivíduo então?
Por exemplo, aquela pessoa que não importa qual o trabalho, o chefe é sempre ruim. Ou ainda aquela pessoa que sempre “arruma pessoas tranqueiras” para se relacionar? É ela mesma que seleciona, de acordo com a sua história pessoal, é um padrão inconsciente. É função do terapeuta descobrir esse padrão, para que o cliente possa ter novas percepções dele. O processo é a neurologia acoplando com os atrativos do meio-ambiente. Por exemplo: pessoas que só procuram o negativo nunca se alinham para a conquista de seus objetivos, pois elas se afastam sempre do que consideram ser potencialmente perigoso.

E como uma pessoa deve agir para conquistar o equilíbrio?
Esse é outro grande mito, o da homeostase, onde o organismo sempre procura o equilíbrio. Na verdade isso não acontece, o organismo em equilíbrio é um organismo morto. Toda vez que você respira, você provoca uma revolução interna no seu corpo. A cada pensamento, a cada percepção, você muda as configurações dos elementos cognitivos. Não existe equilíbrio, todo organismo vivo opera afastado do equilíbrio. E mais, quanto mais afastado do equilíbrio, mais criativo o indivíduo fica, pois procura alternativas. Isto está provado através de experiências.

Os Sete Padrões de Acoplamento Estruturais
Como o individuo esta direcionado? Mais para o meio ambiente interno ou externo: extroversão ou introversão.
Há pessoas que são pouco perceptivas, falam de maneira superficial sobre o que viram, por exemplo. Escolhem um atrativo nas informações e já se acopla com o meio ambiente interno. Essas pessoas não tem capacidade de percepção.

Motivação e convencimento. Como o indivíduo se convence de algo?
Tem pessoas que acreditam mais no que vêem, no que ouvem ou no que sentem (cheiro, tato, etc). Ou seja, algumas acreditam e se convencem por Imagens, outras por argumentos e outras por sensações.

Modo como a pessoa abstrai: ela pode abstrair de modo difuso ou seletivo ou fazer combinações.
Exemplo:a pessoa que tem o filtro difuso ou o padrão difuso de pensar, é uma pessoa que se contenta com poucas informações. Já o seletivo é aquele que solicita detalhes e pormenores. “Você percebe aqui a confusão que isso pode provocar em relacionamentos de pessoas que abstraem de formas diferentes. Por exemplo, a filha liga para o pai e diz que vai a uma festa. Ele pergunta a hora em que ela vai chegar, ela responde e eles desligam o telefone. Então, a mãe pergunta para o pai outros detalhes, do tipo: com quem ela está, onde é a festa, etc. Como o pai não sabe, a mãe diz que ele não está interessado nas duas, nem em filha e em nem em mãe.”

Metas e objetivos: quais são os padrões?
Algumas pessoas querem sempre evitar a dor, outras estão mais direcionadas para o prazer e outras usam combinações das duas coisas (essas são mais contextuais). Por exemplo: pessoas que falam que é melhor prevenir do que remediar. Para elas a vida pode se tornar muito chata, porque o objetivo não é algo que ela busca. Na verdade, ela procura se afastar do que é potencialmente perigoso, então suas expectativas para o futuro são negativas. Em geral são pessoas tensas e ansiosas. Já as pessoas que são mais voltadas para o prazer buscam mais o objetivo que desejam conquistar e, portanto, sabem o que quer.

Posições perceptivas:
A primeira posição é de pessoas que estão absolutamente centradas em si mesma. Percebem tudo em relação a elas mesmas (egocêntricos). São incapazes de se colocar na posição da outra pessoa. A segunda são os dissociados. Conseguem colocar-se na posição da outra pessoa.
A terceira posição é a do observador neutro. Aquele que consegue se imaginar conversando com a outra pessoa para saber se está agradando ou para atingir seu objetivo.

O padrão para satisfação das necessidades interpessoais.
Este item é FUNDAMENTAL. Nós temos três necessidades básicas: a inclusão, que significa se sentir importante e significativo. Esse sentimento de inclusão é desenvolvido de 0 a 2 anos de idade, de acordo com Will Schutz. O bebê de 0 a 2 tem que ter carinho, sentir o toque, é assim que ele percebe se é bem-vindo ou não e se pertence ou não à família. Quando ele não se sente significante, importante, ele não se sente merecedor do mérito-próprio. As pessoas que não se sentem incluídas são vitimas fáceis de drogas, por exemplo. Fazem de tudo para poder participar de um grupo. Pode ser também aquele bonzinho que não sabe dizer não. Ou ainda aquele tipo de pessoa que se afasta, porque não quer que vejam a sua insignificância. É o ser subsocial, aquele não tem amigos no intervalo da aula ou não tem amizades. O contrário dele é o supersocial: o famoso arroz de festa. Ele está em todas, mas no fundo tem o mesmo sentimento do que se isola, do subsocial: se acha sem mérito e se mostra muito sociável por se sentir insignificante. Então, o sentimento da Inclusão é ter mérito ou não.

A segunda necessidade básica é a necessidade de controle: o sentimento de ser competente. Aqui existem dois tipos: o abdicrata, que é aquele que abdicou de todo o controle e gosta de ser controlado; e o autocrata, que é o ditador, o que quer controlar tudo, o perfeccionista. Existe ainda o democrata, aquele que sabe onde controlar e onde ser controlado. Esse sentimento é construído dos 2 aos 4 anos. É nessa fase que a criança mostra o quanto ela obedece, o quanto ela ocupa o seu espaço dentro da casa. O indício de algo errado é posterior: pessoas que demoraram muito para parar a diurese noturna (urinavam na cama). O sentimento de controle é ter respeito próprio ou não.
A terceira necessidade e a de afeto, construída dos 4 aos seis anos: esta é a fase em que acontece a vida particular da criança, onde ela seleciona seus amigos e confidentes. Está baseada na intimidade ou na falta dela. Isso pode acarretar na pessoa que tem dificuldade em gerar intimidade: ela não se acha com potencial para amar e ser amada. Aqui temos o tipo subpessoal, que não se envolve com ninguém-solitário; e o superpessoal, aquele que namora muito, mas não se envolve, não tem afeto verdadeiro. O sentimento da auto-estima deriva do afeto, ser amada ou não.

Orientação temporal:
As pessoas que vivem no passado. As pessoas que começa, “mo meu tempo” “antigamente”. Procuram causas da sua situação no seu passado, se vestem de maneira conservadora, etc. Como vivem no passado e o passado para elas é concreto, projetam para o futuro o passado. Quando você projeta, você faz a coisa acontecer, neste caso você repete o passado no futuro. Quando você pensa naquilo que não quer, você vai obter aquilo. O sistema funciona de acordo com as suas expectativas a respeito do futuro. Se as expectativas são negativas, é aquilo que se vai alcançar.

Fonte: José Carlos Mazzilli



A MISÉRIA DO PENSAMENTO LINEAR



Em nossa cultura, acostumámo-nos demais à visão linear e imediata, à busca simplista do resultado pelo resultado das coisas. Criamos, por assim dizer, um “tapa” em nossos olhos que não nos permite enxergar dos lados, ver nuances, perceber detalhes, enfim; ter uma percepção no mínimo elástica dos elementos que compõem a nossa vida, o que constitui uma inconcebível tragédia, um atraso humano incomensurável, frente às novas exigências do mundo de hoje. É muito triste testemunhar e ter que viver este tipo de fenômeno sabendo que ele é uma tortura imensa, uma fonte inesgotável de sofrimento para a humanidade inteira.
É o chamado paradigma
cartesiano-newtoniano que se fundamenta e mantém o pensamento simplificado, linear, objetivo, inflexível, frio e absolutamente racional da maioria das pessoas, e, por conseguinte, das organizações, do governo, das famílias, da igreja, enfim, da sociedade. Porque é o pensamento que garante o produto, o lucro, o bem-estar dos comandos. Vemos sempre as coisas pelo mesmo viés com que nos foram impostas há alguns séculos, às vezes, milênios. Ou seja, pelo método, a forma que certamente irá beneficiar o branco, o macho e os detentores do capital em detrimento de todas as demais categorias de pessoas que compõem a maravilhosamente rica diversidade humana que ainda não é respeitada numa cultura como a nossa. Pelo contrário, se tentarmos defendê-la, seremos bravamente atacados pelos guardiões dos interesses contrários que são sabiamente ocultos em todas as sociedades e momentos históricos das civilizações, sendo que a absoluta maioria morre sem saber disto.
Para ser mais didático: recebi outro dia de presente, de uma amiga muito querida e especial uma coleção de pratos coloridos, pintados, verdadeiras obras de arte para a decoração das paredes da minha sala, o que, claro, deixou-me bastante feliz – já começa vir ao caso , pois o possível pensamento linear talvez ficasse mais feliz com pratos menos artísticos e que se prestassem para servir refeições, ou seja dentro do seu objetivo regular e conceitual.
Como não apresentavam um suporte, ou uma forma de prendê-los à parede tentei comprar algo para esta finalidade e não consegui. Imaginei a adaptação de alguma coisa e saí à procura de uma peça, um gancho, um pedaço de madeira, de couro, de ferro. Visitei casas de arte e artesanato, ferragistas, lojas de materiais para costuras e aviamentos, de artigos em geral, feiras, mercados populares, e nada.
O mais incrível é que, quanto mais eu tentava explicar o que e como eu queria, menos as pessoas pareciam entender. Sempre me vinham com as sugestões mais esdrúxulas e às vezes, apenas começavam a me escutar e já diziam logo que não tinha jeito, que eu fosse em outra loja, procurasse um serralheiro, etc. Houve até quem me propusesse a desistir, a esquecer os pratos na gaveta ou que passasse a utilizá-los nas refeições de domingo, já que eram tão bonitos, numa autêntica expressão de deboche.
Quase desesperado, exausto, suado da cabeça aos pés, desisti finalmente – pois sempre que queremos mudar, acabam nos vencendo pelo cansaço. Fui pra casa e com um bom pedaço de couro de um velho cinto encontrado, uma boa cola e imaginação, resolvi o problema. Hoje os pratos me enchem os olhos, embelezam minha sala, minha vida e me deixa bem mais feliz.
Mas o que me indigna é a absoluta dificuldade das pessoas de perceber o novo, o alternativo, de inventar soluções novas e criativas. Nesta minha procura vi que muitos me olhavam como louco, com um rizinho de esguelha no canto da boca que por pouco não me levou a me sentir um ridículo e perdido no meio daquela confusão armada a serviço de nada.
E num tempo em que a dinâmica do mundo exige que abandonemos a objetividade pura e simples para adotarmos uma percepção não só subjetiva, mas intersubjetiva dos fatos e fenômenos tão complexos do dia a dia, ainda persistimos numa visão cartesiana que responde como responsável por grande parte das dores e do sofrimento do ser humano no planeta.
Ainda detemos uma realidade machista, com predomínio do gênero masculino no poder, na tomada das decisões e na condução dos destinos do mundo. Até na nossa linguagem o macho domina: se nos referirmos, por exemplo a duas mulheres e a um homem, diremos gramaticalmente, eles, no masculino, o que significa poder, mando, frente, liderança.
O que realmente manda, o que conta, são os valores convencionais, a norma, a tradição, a cultura arraigada do “sempre foi assim e tem que ser assim; do aprimorar, aperfeiçoar, reciclar o que temos e não mudar, pois a mudança pode significar a perda dos privilégios historicamente acumulados por certas categorias humanas.
Por isso, ainda fazemos os concursos públicos com base nas provas objetivas e na identificação de conhecimentos enlatados em série, que se estuda para a prova e se esquece no dia seguinte, perpetuando aí um serviço público, por exemplo, exercido por pessoas ideologicamente descomprometidas com os processos e preocupadas com o tecnicismo, os relatórios, a burocracia.
Nossas escolas, do jardim da infância ao mais elevado nível acadêmico das mais importantes universidades ainda estão unicamente preocupadas em ensinar pela indução desassociada da dedução, instruindo friamente para a garantia da perpetuação do modelo cartesiano que circula viciosamente há séculos e que já deu mais do que suficientes provas da sua estrutura ultrapassada e caduca.
Precisamos suprimir a objetividade, associar os processos aos resultados, valorizar o simples, enxergar o belo, inventar formas novas de fazer as coisas. Saber buscar alternativas, valorizar as críticas e percepções do outro, do diferente, pois é daí que sairão as soluções para os graves problemas do mundo e da vida. A cura para as mais graves doenças certamente virão dos quintais, das beiras das estradas de terras, das raízes, das ervas. De conversas descompromissadas das comadres nas varandas, nos jardins, nas hortas, e de brincadeiras de crianças é que surgirão métodos e técnicas para os complexos problemas do trânsito, do aquecimento global, da poluição. De acidentes de percurso que sairão novos instrumentos para a garantia de preservação da espécie e assim por diante.
A ordem é, portanto, relaxar, valorizar o insight, o processo, o novo e deixar acontecer. Como no velho e bom princípio bíblico: “Olhai os lírios do campo e olhai as aves do céu. Eles não trabalham, não fiam e nem ceifam, porém são vestidos de um luxo maior do que a corte do mais poderoso dos reis e alimentadas todos os dias, saudável, deliciosa e fartamente . Tudo é igualmente importante, nada é mais fundamental do que qualquer coisa. E, na primavera da vida, os galhos que nascem são natural, harmônica e esteticamente, uns longos, uns curtos; uns retos, uns tortos. O universo é belo porque é rico, complexo e infinitamente diversificado. E nele, e, logicamente, nada é mais fundamental do que qualquer coisa.
Pense e pratique isso. Comece agora! Comece ontem! Pois hoje já pode ser demaiado tarde.


Antonio da Costa Neto

O frágil e insuficiente modo linear de pensar: a necessidade do Pensamento Complexo

As pessoas adquiriram hábitos de pensamento, um sistema de referência e valores dos quais se tornaram prisioneiras. – Simone de Beauvoir
Joan-Miro, ConstellationOs grandes colapsos e as catástrofes mundiais que começam acirrar, sobretudo, a partir do século XX, para citar algumas: as duas grandes guerras mundiais, as crises econômicas, as disputas territoriais, os governos totalitaristas, a bomba atômica, a degradação intensa da vida animal e do meio ambiente, entre inúmeras outras barbáries, têm colocado um ponto de interrogação sobre qual o rumo do planeta e de nossas vidas.
Muitas vezes esse questionamento se faz através de um cínico “não estarei aqui mesmo quando tudo isso explodir” ou um intenso sentimento de vazio e perda de identidade: em última instância, tem levado ao niilismo em seu último grau, tal como preconizado por Nietzsche no século XIX.
As barbáries não são novidades, sempre existiram, basta passar os olhos pela história. O que chama atenção é que os grandes progressos que chegaram até o momento atual não tem dado conta de possibilitar uma vida melhor para uma ampla maioria de pessoas, e o pior, tem trazido danos irreparáveis à vida e ao planeta. E dificilmente poderíamos dizer que os colapsos do nosso tempo são mais amenos que o sangue já derramado durante as civilizações na Idade Antiga e Idade Média.
A escola de Frankfurt, sobretudo através de Adorno, Habermas e Horkheimer, com aguçados olhares críticos, nos mostra muito bem que a razão do homem não tem servido para melhorar a vida, pelo contrário, tem levado à degradação da vida em suas múltiplas faces; levando a civilização do progresso e da técnica, com sua razão instrumental, voltada principalmente para o lucro, à barbárie.
Não pretendo entrar em mais detalhes sobre esses pensadores para as proporções deste texto, mas é uma vasta e complexa área para quem tiver interesse em compreensões críticas sobre a sociedade, a cultura, a mídia (indústria cultural), a educação, a ciência, a arte… enfim, a diversidade de temas que esses pensadores compreendem não se esgota aqui.
Pretendo apresentar como o nosso modo de pensar que remonta desde Sócrates, Platão, sistematizado então por Aristóteles e ganhando acabamentos na modernidade através de Descartes e depois Bacon, é insuficiente na tentativa de compreender o mundo.
Certamente que muitos não têm consciência das considerações teóricas que estão por trás dos seus modos de compreensão da “realidade” – o método pelo qual pensam -, mas o pensamento está muito bem cristalizado por um método de pensar que vingou desde Sócrates: o pensamento linear-causal; que na modernidade se encorpa através do método lógico-formal e vai perpassar todas as áreas da ciência, produzindo, “logicamente”, conhecimentos unilaterais e reducionistas.
Esse modo de pensar ou admite “isso” ou “aquilo”; ou é capitalismo ou é socialismo; ou é verdade ou é mentira; ou é certo ou é errado; ou é bonito ou é feito; ou é razão ou é emoção; ou é corpo ou é mente… é a lógica do “ou/ou” que não compreende que corpo e mente são indivisíveis, que o certo pode ser errado e vice-versa. Os exemplos são inúmeros e estão nos itinerários ordinários do dia-a-dia além de se apresentar também no palco científico que só recentemente vai começar a questionar-se.
O conhecimento científico possibilitou o avanço da técnica, e muitos ainda acham que o progresso é uma linha contínua que está sempre em evolução. Porém, todo esse “progresso” se mostra incapaz de resolver problemas como a violência, a exclusão e a miséria. Tal progresso possibilitou a produção de alimentos que seria capaz de alimentar todos os seres humanos, mas tampouco isso é uma realidade, pois muitos morrem de fome e desnutrição a cada hora.
Para a nossa cultura atual, é favorável aquele conhecimento que produz resultados materiais, em outras palavras, quanto mais lucrativo for o conhecimento ele é etiquetado como sendo o melhor, e em nome do capital o pensar não produz questionamentos pois ele já vem embalado e entrega o pensado. Trata-se de uma visão ingênua e unilateral da vida, pautada na divisão entre subjetividade e objetividade; conhecimentos humanos – que cada vez mais as pessoas desprezam – e conhecimentos exatos ou técnicos, colocados cada vez mais nas vitrines da educação mercadológica.

Um modo de pensar mais abrangente, que dê conta mais consistentemente das múltiplas forças e fenômenos que estão presentes num dado momento em um dado fenômeno, urge como uma necessidade fundamental para tentarmos fazer com que o progresso, a técnica, e o desenvolvimento racional, sejam favoráveis à Vida em sua totalidade; contudo, sem incorrer em totalitarismos, deslumbres ingênuos, messianismos, fanatismos, tribalismos, fundamentalismos ou utopismos.
A questão não é quem está certo e quem está errado, não é um jogo de nós contra eles. O certo e o errado só as conseqüências nos dirá, a história nos dirá. E parece que ela tem nos dito até agora que estamos errados. No entanto, a questão não é etiquetar as nossas ações como ou isso ou aquilo, é necessário saber que todos nós podemos estar certos e errados ao mesmo tempo. É necessário abrir mão do pesado fardo de valor que os homens têm usado, muitas vezes em nome dos seus fundamentalismos, para fixar essências imutáveis nas coisas.
Quem ainda duvidar de que precisamos urgentemente de começar a pensar sobre o nosso próprio pensamento, sobre a forma como olhamos e entendemos o mundo, duvidar da nossa própria capacidade de conhecimento, basta olhar a história recente e ver um filme do horror que jorra sangue e faz vidas voarem pelos ares; crueldades e barbáries cometidas em nome disso ou daquilo: em nome do patriotismo; em nome da ciência; em nome de Deus; em nome da honra; em nome do Bem; em nome do comunismo; em nome do capitalismo, etc.
Nesse sentido, pretendo apresentar um pouco do pensamento complexo, como tentativa de unir as duas principais formas de pensamento: o pensamento linear-causal e o pensamento sistêmico. Um pensamento que nos fornece subsídios para jogar luz ao fenômeno sob o máximo de ângulos que se conseguir.
O pensamento complexo não se vê como dono da verdade, ele não etiqueta o mundo em verdades e mentiras, pois todo conhecimento é parcial e a realidade em sua totalidade é inatingível; e se compreendo dado fenômeno é uma compreensão que se sabe mutável no tempo e no espaço, pois nenhum fenômeno permanece imutável: se olho para a economia hoje compreendo muitos aspectos, mas se olho tempos depois o conhecimento anterior poderá valer somente em alguns pontos, ou poderá ser totalmente descartável; diz-se que a economia está e não é “assim”. O complexo como norte do pensamento compreende que nós somos a nossa única salvação, e para tal, é necessário (re)pensar a nossa forma de pensar e de lançar olhares sobre o mundo.
Não pretendo esgotar o assunto, até porque seria impossível, mas objetivo apresentar, de maneira didática, a necessidade do pensamento complexo. Na continuação desse texto pretendo jogar um pouco de luz sobre o que é o pensamento linear-causal e o pensamento sistêmico, de modo a clarificar a tomada de consciência para o pensamento complexo.
Há muito tempo venho relutando em escrever sobre o assunto, pois percebo que um grande obstáculo se interpõe para essa tentativa: a própria linguagem; trocando as palavras, como posso apresentar um modo de pensar circular se a própria linguagem é seqüencial? – Aqui é onde a razão se quebra nela mesma!
A estrutura da nossa linguagem, assim como a língua inglesa, alemã, francesa, espanhola, etc., é originária do que se compreende como tronco indo-europeu; nesses idiomas, a forma de escrever e falar é pautada por um raciocínio seqüencial: as coisas e as idéias são postas umas após as outras, produzem análise facilmente mas dificultam a síntese, compreendem mais as partes mas ocultam o todo. Eis aqui um fantasma que me assombra todas as vezes que busco ilustrar o papel com palavras que, por mais que eu tente expressar a simultaneidade, elas só dão conta de um pensamento seqüencial – linear. Nesse sentido, Nietzsche mostra toda sua engenhosidade ao apontar-nos da necessidade de (re)inventar a linguagem, desautorizá-la do seu aspecto “pegajoso” sobre as coisas, que marca identidades fixas e imutáveis no tempo. Ele vai mais além, e nos diz que todo conhecimento está enredado pela metafísica das palavras, de tal forma que a história do conhecimento é a história da repetição em palavras diferentes. Ciente de que me empolguei um pouco com os propósitos deste texto, deixo como indicação para o leitor interessado no assunto, o interessantíssimo livro de Viviane Mosé, Nietzsche e a grande política linguagem. Por ora, faz-se necessário que eu aceite o desafio desse obstáculo que se apresenta como o grande monstro a ser vencido quando me deparo com a fala e a escrita.
Gostaria muito de levar o pensamento do leitor a um colapso, mas tal pretensão está longe dos meus dotes com as palavras. Mas se o mesmo conseguir, minimamente, compreender que é possível ter várias perspectivas de tomada de conhecimento sobre o mundo ao mesmo tempo, sem torná-las excludentes, e sem vislumbrar o estandarte do verdadeiro, e que talvez estejamos já há um bom tempo sonhando que estamos vivendo a era do progresso correndo o risco de acordar no inferno, creio eu, já ser resultados positivos para essa proposta. – Talvez possamos acordar a tempo de apagar o fogo!

Modelos de pensamentos: linear e sistêmico

Parte 1: O frágil e insuficiente modo linear de pensar: a necessidade do Pensamento Complexo
Parte 2: Pensamentos linear e sistêmico
Introdução
Em continuação a parte 1, o objetivo desse texto será apresentar, sucintamente, dois modelos de pensamento: o tradicional pensamento linear e o recente pensamento sistêmico. Ambos, do ponto de vista do pensamento complexo, são insuficientes e reducionistas, porém o pensamento complexo não nega nenhum deles, pelo contrário, reconhece a importância de ambos e vai mais além. Isso será melhor abordado em momento oportuno.
O físico norte americano David Bohm, ao analisar o modo de pensar predominante das pessoas, verifica que temos grandes dificuldades para fazer conexões, imaginar outros contextos e buscar relações, extrapolar os limites do tempo e do espaço presentes e, talvez, o mais ingênuo: quando não conseguimos vislumbrar correlações imediatas e diretas entre os fenômenos em dadas circunstâncias, costumamos nose convencer de que não há relações para teorizar, classificar e ordenar. Decorre daí outro aspecto paralisante do pensar na nossa cultura: a idéia de querer separar o que é teórico e o que é prático (operacional), como se a ação fosse algo que independe do pensamento e vice-versa.
A essa tradicional propensão da nossa cultura na construção do conhecimento, Bohm chamou de “doença do pensamento”; e nada mais “doente” do que o modo unilateral do pensamento linear tomado como única maneira de guiar o pensamento e gerir constelações de conhecimentos.
Pensamento linear
Pensamento linear ou linear-cartesiano é sem dúvidas o mais predominante modo do homem pensar, tem suas raízes em Aristóteles e é “sacralizado” com Descartes na modernidade. Sustentado pela lógica binária, esse tipo de pensamento identifica os opostos de um dado fenômeno e a partir deles desenvolve correlações que irão sustentar a formulação de um dado conhecimento.
Olhando para um dado fenômeno a partir dessa lógica, o objeto de estudo é dividido em várias partes, em seguida é feito uma análise de cada parte em separado. Formula-se várias categorias, grupos e subgrupos para classificação e especializações de cada parte. Fica evidente o quanto é fragmentador e reducionista esse tipo de lógica de pensamento.
pensamento-linear

Nesse sentido, o objeto de estudo “desaparece” em partes que obstruem a visão do “todo”. Separando o objeto cada vez mais em partes menores para análise, perdem-se as relações do fenômeno com os vários contextos. Reduz-se o fenômeno a meros conceitos “cristalizantes” como se eles por si só se esclarecessem. Essas construções teóricas, embora possam mudar ao longo do tempo, enquanto não se “descobrem” outras relações, são tidas como universais e válidas em qualquer tempo e espaço.
A medicina, por exemplo, dissecou o corpo humano em sistemas, órgãos, células, genes… e criou um campo de conhecimento altamente classificatório; o olhar do médico tradicional é abordar os sintomas relatados pelo paciente e a partir daí buscar relação com o corpo teórico conceitual já bem aceito pela comunidade médica. Em geral, reduz o indivíduo a um conceito: ele tem câncer! Assim, com uma visão mutilada, o tratamento busca atingir somente as “partes” que estão prejudicadas, desconhecendo a relação da doença com o corpo como um todo: espírito e corpo – divisão, aqui, utilizada apenas para efeito didático. Certamente que isso tem seus benefícios, porém, ressalta-se aqui, o desaparecimento do homem como um ser concreto imerso em um plano simbólico que exerce impacto em todas as suas manifestações.
Evidente que isso não se verifica apenas na medicina, mas sustenta todo campo científico e boa parte da filosofia. Felizmente, dentro de cada campo, começam a se questionar esses pontos de vista já arraigados, de tal forma que o pensamento complexo encontra ai suas brechas para tentar jogar mais luz nos reducionismos científicos – contudo, este não tem a pretensão de ser verdade absoluta, o que seria um contrasenso devido as seus princípios, entre eles o da incerteza que será melhor abordado em momento oportuno.
Pensamento sistêmico
Esse tipo de pensamento é mais recente, surgiu no século XX em contraposição ao reducionismo do pensamento linear, mais precisamente a partir de 1920, na área da biologia com Goldstein e a noção do organismo compreendido como um sistema. Entre os seus vários expoentes, destaque para Fritjof Capra, físico austríaco, contemporâneo, que sistematizou os princípios do pensamento sistêmico em suas obras, entre elas, a principal, denominada “A teia da vida – uma nova compreensão científica dos sistemas vivos” (1996).
O pensamento sistêmico interliga as partes, diminui a distância entre elas e permite pensar o conjunto (sistema) sem perder de vista todos os seus componentes. Admite-se nesse modelo, que na articulação entre as partes, podem surgir novas propriedades (idéias novas), o que seria impossível de visualizar a partir do pensamento linear.
pensamento-sistemicoNesse modelo, busca-se analisar as partes separadamente mas sem perder de vista a sua relação com o todo, além, de conceber que o todo compreende relações que não estão nas partes, e vice-versa. Simplificando: a análise das partes em separado revela um conhecimento; a análise das partes em relação com o todo revela um conhecimento com propriedades novas, e por fim, a compreensão do todo também revela um conhecimento com propriedades novas.
Sistemicamente, o pensamento visa o ordenamento das relações a partir do modelo mecanizante bem característico do pensamento linear. Admitem-se no pensamento sistêmico, novas propriedades que surgem com a totalidade, dentro de uma compreensão que busca dar uma ordenação sistemática entre as variáveis que são aprendidas em um dado fenômeno.
Enquanto o pensamento linear é estrutural, o pensamento sistêmico é não-linear e se baseia no estudo dos padrões, conjuntos e totalidades. Embora inovador em relação à lógica binária, o pensamento sistêmico também incorreu nos seus reducionismos, entre eles, a idéia ilusória de que podemos controlar uma infinidade de variáveis, que os controles e modelagens que exercemos em determinados contextos podem ser automaticamente estendidos para sistemas maiores e mais complexos.
O pensamento sistêmico, com seu grande potencial, infelizmente, transformou-se em mais um modelo reducionista. Criou a ilusão de que o pensar nesses moldes daria conta de captar a totalidade sem perder de vista a ligação entre as partes, e que a partir daí poderia se ter o “poder sobrenatural” de ter um controle absoluto das coisas. Não precisa discorrer muito para dizer o quanto a idéia do homem de exercer controle sobre as coisas, ter previsibilidade e ordenação, de maneira “prepotente”, desconsiderando o incognoscível e a casualidade, tem contribuído para grandes catástrofes na História: o “comunismo” soviético (que não é aquele proposto por Marx) é um exemplo que pode ser visto com um início e fim; o capitalismo também, porém ainda está a nos apresentar seus colapsos: a crise financeira recente que estamos vivendo, que teve seu auge no rombo dos valores imobiliários americanos, é só mais um exemplo do fracasso da crença do homem na previsibilidade das coisas.
Considerações finais
O pensamento complexo não nega, como dito no início, os modelos de pensamentos linear e sistêmico. Ele dá um passo além: inclui a aleatoriedade, a incerteza, a imprevisibilidade e impossibilidade de separação entre sujeito e objeto. Homem, máquina e ambiente estão intrinsecamente interligados.
Admite-se a importância desses dois modelos de pensamento. O homem precisa reduzir o objeto a várias variáveis, concebê-las analiticamente e criticamente, também precisa uni-las e buscar a compreensão da totalidade e das relações entre as partes com o todo e do todo com as partes. É altamente importante que consigamos trabalhar com previsibilidade, ordenação e classificação do mundo, é uma questão até mesmo de sobrevivência. Mas não somente: é necessário abandonar a ilusão de que podemos ter controle e previsibilidade absolutos sobre o mundo; é necessário desautorizar o nosso conhecimento como imponente e tomar consciência que a razão não é uma “lei divina” que irá nos dar todas as soluções – contudo, isso não significa ser irresponsável e se jogar ao acaso, mas clarificar, jogar luz com toda amplitude possível, sabendo que não somos o centro do universo, que podemos falhar e que a razão também desconhece, o que deveria aumentar ainda mais a nossa busca por uma conhecimento complexo e não simplificador.
Com a ilusão do controle o homem tem negado a si mesmo, na medida em que se afasta, coloca-se fora do mundo, como se fosse algo indiferente aos fenômenos. Assim, ele busca pintar o mundo com as cores da causalidade, da linearidade, da ordem e de um “explicacionismo” em termos quantificáveis e classificáveis cada vez mais redutivos e simplificados. Ele crê, dessa maneira, não participar, não interagir com os fenômenos, nessa fuga ele não se vê como responsável pelos colapsos e catástrofes que ocorrem.
É claro que na prática reduzir o número de variáveis é uma postura razoável, sensata e recomendável. Os timoneiros dos navios e os pilotos dos aviões não poderiam controlar suas máquinas sem essa providência, que inclui, por exemplo, tomar conhecimento das previsões meteorológicas. Ainda assim, é irracional e insensato e não recomendável pensar que é possível eliminar todas as variáveis. É certo que os timoneiros e os pilotos pilotam, exercem controle; mas não é menos certo que eles também são pilotados e controlados: pelas variações do tempo, pelas turbulências, pelas calmarias e por todas as demais variáveis da atmosfera e do mar.
(…) É uma propriedade emergente [a pilotagem], que nasce da interação entre as ações do piloto e as variáveis da máquina e do ambiente; entre as intenções e ações do piloto e a incerteza, a aleatoriedade e a imprevisibilidade do mundo. (…) O piloto pilota e é pilotado; o líder lidera e é liderado. (MARIOTTI, Humberto; Pensamento Complexo, 2007)
Na continuação, pretendo apresentar maiores detalhes sobre o pensamento linear, pelo fato de ser um modelo de pensamento bem cristalizado em todos nós e que tampouco temos conhecimento dos seus déficits.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Como se deu o processo de industrialização brasileira?


Foi somente no final do século XIX que começou o desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabelecimento de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de tecidos, calçados e outros produtos de fabricação mais simples. A mão-de-obra usadas nestas fábricas eram, na maioria, formada por imigrantes italianos.
Foi durante o primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945) que a indústria brasileira ganhou um grande impulso. Vargas teve como objetivo principal efetivar a industrialização do país, privilegiando as indústrias nacionais, para não deixar o Brasil cair na dependência externa. Com leis voltadas para a regulamentação do mercado de trabalho, medidas protecionistas e investimentos em infra-estrutura, a indústria nacional cresceu significativamente nas décadas de 1930-40. Porém, este desenvolvimento continuou restrito aos grandes centros urbanos da região sudeste, provocando uma grande disparidade regional.
Durante este período, a indústria também se beneficiou com o final da Segunda Guerra Mundial (1939-45), pois, os países europeus, estavam com suas indústrias arrasadas, necessitando importar produtos industrializados de outros países, entre eles o Brasil.
Com a criação da Petrobrás (1953), ocorreu um grande desenvolvimento das indústrias ligadas à produção de gêneros derivados do petróleo (borracha sintética, tintas, plásticos, fertilizantes, etc).
Durante o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) o desenvolvimento industrial brasileiro ganhou novos rumos e feições. JK abriu a economia para o capital internacional, atraindo indústrias multinacionais. Foi durante este período que ocorreu a instalação de montadoras de veículos internacionais (Ford, General Motors, Volkswagen e Willys) em território brasileiro.
Nas décadas 70, 80 e 90, a industrialização do Brasil continuou a crescer, embora, em alguns momentos de crise econômica, ela tenha estagnado. Atualmente o Brasil possui uma boa base industrial, produzindo diversos produtos como, por exemplo, automóveis, máquinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios industrializados, eletrodomésticos, etc. Apesar disso, a indústria nacional ainda é dependente, em alguns setores, (informática, por exemplo) de tecnologia externa.

Fonte(s):



sábado, 4 de fevereiro de 2012

CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES NO USO DAS TICs

CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES

NO USO DAS TICs NA EDUCAÇÃO:

CONECTANDO REALIDADE À PRÁTICA DOCENTE


1. IDENTIFICAÇÃO


1.1. Autores:
Geane Aparecida Poteriko da Silva
Hioni Robert dos Santos
Mônica da Silveira Nascimento da Rocha

1.2. Contextualização


A aplicação das Tecnologias da Informação e Comunicação - TICs – está se mostrando cada vez mais necessária no contexto em sala de aula. O sistema educacional vigente exige múltiplas ações face ao pluralismo e à intensa multiplicidade dos nossos alunos, o que revela que tais ações precisam causar impacto, para que estes possam ampliar seu aprendizado e, ainda, a busca pelo conhecimento. A utilização dos recursos tecnológicos é, portanto, uma alternativa intensamente impactante na realidade escolar.

São inúmeros os fatores e aspectos que comprovam a eficácia e necessidade do uso dos recursos tecnológicos na escola, motivos pelos quais ao professor torna-se fundamental a capacitação para uso adequado e pedagógico destas inovações tecnológicas em benefício do trabalho docente.

Além disso, percebe-se que, na prática pedagógica, o professor não pode mais centralizar-se apenas no livro escrito, quadro negro e giz. É necessário estar “plugado” no uso das tecnologias para saber “como” e “quando” usá-las em sala de aula. Entretanto, tais tecnologias não se referem unicamente aos computadores ou projetores de multimídia; tratam-se de recursos tecnológicos além destes, mais amplos e variados, que podem ser desde ambientes virtuais de aprendizagem até a televisão, o vídeo cassete, o DVD Player, o retroprojetor, o projetor de slides, mapas, imagens, entre outros.

Considerando, ainda neste contexto, que a comunicação e a informação se tornaram instrumentos fundamentais nas ações educacionais, percebe-se diante das inúmeras possibilidades que as mídias digitais apresentam que permanece o grande e evidente desafio de desenvolver meios eficazes para integrá-los ao ambiente pedagógico.

É por isso que se torna extremamente fundamental a capacitação permanente do educador nestes meios para procurar entender e aplicá-los. E, também, é essencial que os professores não se intimidem diante dos obstáculos que circundam sua prática pedagógica, mas, sim, que se apresentem como profissionais realmente engajados neste constante processo de mediar conhecimento buscando alternativas diferenciadas nas possibilidades de uso das tecnologias na escola.

Assim, pode-se afirmar que o uso dos recursos tecnológicos, de uma maneira geral, é muito importante. E, principalmente, se o educador souber como dominar as tecnologias educacionais – desde a televisão ou computador, ou mesmo a Internet, livro impresso, jornais, revistas e outras tantas formas – certamente haverá uma grande contribuição para uma educação mais aprimorada e agradável ao aluno.

Convém ainda mencionar CATTANI (2001), segundo o qual as TICs “ampliam as possibilidades das ações educativas, proporcionando através dos recursos disponíveis oportunidades para mudanças por parte dos professores (...) quanto aos métodos pedagógicos”. É, sem dúvida, esta ampliação voltada às mudanças metodológicas que se tornam gradativamente - e num ritmo ainda mais acelerado em relação há algumas décadas atrás – tão imprescindíveis e evidentes no cotidiano escolar.

BITTENCOURT et al. (2004) reitera que o uso das metodologias tecnológicas em sala de aula levam o aluno a “aprimorar a sua capacidade de aprender e de trabalhar de forma colaborativa, solidária, centrada na rapidez e na diversidade qualitativa das conexões e das trocas”, aspectos essenciais para a boa convivência na atual sociedade modernizada.

Portanto, para o educador conseguir permanecer inserido nesta nova realidade escolar, marcada pelo uso e evidente destaque das tecnologias, o passo inicial é a busca de capacitação e preparo para utilizar tais ferramentas em sala de aula.

1.3. Público envolvido

Para verificar os aspectos mais relevantes, positivos e negativos, envolvendo o processo de capacitação dos professores para uso das tecnologias em sua prática pedagógica, foi feita uma pesquisa de campo com o professorado de escolas estaduais, a saber: Colégio Estadual Vila Liberdade, em Colombo e Colégio Estadual Professor José Guimarães, em Curitiba. A pesquisa foi aplicada por meio de questionário no período de 1 a 12 de abril deste ano de 2010.

1.4. Integração de Mídias


TV Multimídia, Informática e Mídia Impressa.

1.5. Período de realização do projeto


O Projeto iniciou-se em 01/04/2010, com a aplicação da pesquisa (no período de 1/04/2010 a 12/04/2010), e sua execução será até a data de 19/06/2010, com a aplicação de capacitação para professores (conforme cronograma).

2. PROBLEMA

Consideramos como critério principal para a aplicação da pesquisa a seguinte problemática: "O que impede ou dificulta que o professor utilize a TV Multimídia e outros recursos tecnológicos, para fins didáticos, em sala de aula?"

3. ABORDAGEM PEDAGÓGICA

3.1. Refletindo o uso das TICs informatizadas na Educação

A tecnologia está totalmente presente no espaço e no tempo da sociedade atual. Desse modo, suas contribuições ao avanço do conhecimento devem estar relacionadas, sempre e incondicionalmente, à melhoria do ser humano em sua essência.

E, enquanto educadores, oportunizar o acesso dos alunos – que estão em processo constante de formação ética, moral e social – aos mais variados recursos tecnológicos é uma forma de conciliar o que há de mais moderno nos espaços de aprendizagem. E, consequentemente, de oportunizar, acima de tudo, a formação de alunos comprometidos com a ética e as boas relações sociais.

A informática educativa se configura, no contexto de sala de aula, uma ferramenta midiática relativamente nova, cujo objetivo não consiste na substituição do método pedagógico atual, mas sim no auxílio ao desenvolvimento das atividades educacionais. Através dela, o aluno pode aprender com maior facilidade os conteúdos específicos de várias disciplinas, utilizando para isso softwares educacionais.

Logo, a informática permite o estabelecimento de uma “ponte” no contexto de sala de aula. Ao mesmo tempo em que revela os conteúdos de forma mais ágil, possibilita ao aluno aplicá-los e trazê-los, de forma integrada, ao seu cotidiano, articulando a interação entre alunos e professores.
Assim, a educação informatizada contribui significativamente para facilitar a conectividade e melhorar a integração entre docentes e discentes, permitindo ao aluno estabelecer “conexão” a tudo que o rodeia, ao que observa no seu universo intrínseco e no seu dia a dia.

Neste sentido, MORAN (2007) afirma que:

... a escola, com as redes eletrônicas, abre-se para o mundo; o aluno e o professor se expõem, divulgam seus projetos e pesquisas, são avaliados por terceiros, positiva e negativamente. A escola contribui para divulgar as melhores práticas, ajudando outras escolas a encontrar seus caminhos. A divulgação hoje faz com que o conhecimento compartilhado acelere as mudanças necessárias e agilize as trocas entre alunos, professores, instituições. A escola sai do seu casulo, do seu mundinho e se torna uma instituição onde a comunidade pode aprender contínua e flexivelmente. (Moran: 2007, p. 12)

A mídia informática não é uma escolha aleatória no trabalho em sala de aula. É, sim, pautada no pressuposto de que é de fácil acesso e de que oportuniza imensas possibilidades de ampliação e aprofundamento do trabalho. Pode-se exemplificar que através de pesquisas na internet, produção de materiais em editores de texto, programas de apresentação/criação de slides e publicação em blogs ou ambientes virtuais de aprendizagem, como a Wiki, a informática em sala de aula atua como facilitadora do processo de aprendizagem.

Um dos grandes desafios do educador é transformar a sua aula em um ambiente interessante para o aluno. É verídico que o aluno se interessa por aulas diferenciadas, segundo Haydt (1988), “uma maneira de conseguir um clima de aprendizagem é tornar a aula o mais fascinante possível” e a informática oferece indiscutivelmente esta opção de diferenciação, uma vez que é capaz de prender a atenção dos alunos e motivá-los para a busca do conhecimento, tanto mediados pelo professor como por iniciativa própria; caso isto não aconteça, o ensino se transforma em mera transmissão de informações.

As atividades envolvendo a informática auxiliam no processo de ensino/aprendizagem e ampliam o trabalho do professor, possibilitando ao aluno o acesso às condições essenciais para formação e exercício da cidadania. Deve-se ressaltar, entretanto, que não se trata do uso do computador exclusivamente, nem mesmo do seu uso em ambiente reservado dentro da escola. A informática aplicada à educação pressupõe a incorporação deste novo paradigma tecnológico perpassando por todas as atividades e espaços escolares e sendo incorporada por todos os sujeitos que interagem neste ambiente.

3.2. Repensando a capacitação de professores: conexão entre realidade e prática docente

Utilizar as Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs – na escola, adaptando-se às necessidades e atuais exigências do contexto educacional, requer um amplo repensar sobre o perfil e a prática docente. E, neste repensar, tornam-se evidentes a inclusão de medidas práticas, centralizadas na busca constante por adaptação, preparo e capacitação para o uso de recursos tecnológicos em sala de aula.

Portanto, o ponto de partida deste processo de atualização metodológica está voltado logicamente ao eixo norteador organizacional de toda atividade escolar: o professor. BRITO e PURIFICAÇÃO (2008) mencionam, neste sentido, a afirmação de Freire (1994) de que “não há ensino de qualidade, nem reforma educativa, nem inovação pedagógica, sem uma adequada formação de professores”.
E, ainda segundo as autoras:

... nenhuma intervenção pedagógica harmonizada com a modernidade e os processos de mudanças que estão implícitos será eficaz sem a colaboração consciente do professor e sua participação na promoção da emancipação social (...) O processo de incorporação desta tecnologia no trabalho do professor deve ser efetivado em fases. Inicialmente, o professor necessita ter contato com esta tecnologia de uma forma voltada fortemente para o seu cotidiano. Este é um pré-requisito para que o processo de incorporação desta tecnologia se dê efetivamente, caso contrário, o processo será artificial e superficial, onde o professor se limitará a utilizar alguns jogos para desenvolver algumas habilidades ou reforçar alguns conteúdos. (Brito e Purificação: 2008, p. 30)


Dessa forma, conforme as autoras explicitam, a incorporação de qualquer tecnologia pelo professor se dará mediante seu contato diário com esta. A partir de então, haverá maior interação e domínio sobre seu uso.

Além disso, para que o educador mostre-se capacitado a utilizar as novas tecnologias como apoio pedagógico, é imprescindível que tenha – ou busque alcançar – conhecimento básico em computação e outras mídias (por exemplo TV, rádio e outros). Assim, poderá explorar as informações que necessite sobre como utilizar essa tecnologia na sua área de trabalho como recurso metodológico e com o objetivo de oferecer um ensino de qualidade.

Neste contexto, SAVIANI (1991) ressalta que para desenvolver habilidades ou reforçar conteúdos, o computador pode ser utilizado dentro de um conjunto mais amplo de atividades, em momentos pontuais no processo de ensino/aprendizagem. Desse modo, para o autor:

... o professor tem que estar capacitado para atuar nestes momentos, e também ter condições de pensá-los no contexto geral do seu trabalho. A educação hoje, já não pode mais manter-se somente como acadêmica ou profissionalizante, por isso necessitamos de professores que conheçam o sistema produtivo e principalmente as inovações tecnológicas. (Saviani: 1991, p. 18)



Ou seja: o professor deve sempre procurar a atualização profissional quanto pessoal. E, para esta efetiva atualização, BRITO e VERMELHO (1996) apontam o computador como principal alternativa. Segundo as autoras, o computador poderá ajudá-lo na “elaboração de materiais de apoio, bem como ser um valioso recurso para o ensino de diversas disciplinas do currículo, seja em sala de aula, num trabalho coletivo, seja na dinâmica do trabalho desenvolvido no laboratório”.

Entretanto, VALENTE (1998) afirma que “o maior obstáculo para a adoção de computadores nas escolas é a falta de capacitação prévia dos professores para saber como utilizar esta nova ferramenta de trabalho e, principalmente, como introduzir o uso do computador no currículo”. Muitas vezes, o professor sente-se acuado em pedir ajuda na utilização das TICs, seja por medo de discriminação ao expor a sua dúvida ou mesmo pela não facilidade em encontrar recursos, tal como é possível constar pela charge abaixo:


Fonte: Folha de São Paulo, caderno de informática, 07/04/2010.


Observa-se, então, na realidade escolar, que os alunos normalmente apresentam-se preparados para trabalhar com multimídias, em especial, as informatizadas, enquanto os professores, em sua maioria, pertencem a uma “geração de poucas mídias”, o que se configura como uma barreira ao trabalho docente. E transpor este tipo de barreira requer, a princípio, uma verdadeira mudança de paradigmas por parte do professor. Envolve o conhecer, o aceitar e o interagir com as mídias, que cada vez mais se incorporam ao espaço escolar.

DEMO (1993) afirma sobre a postura do professor no atual contexto educacional:

Elemento humano responsável pelo ambiente de aprendizagem, origem das interações e inter-relações entre os indivíduos participantes do ambiente educacional, testemunhas de outras mudanças e experiências, condicionado por uma educação do passado e marcado por ela (...) o professor deverá firmar um novo compromisso com a pesquisa, com a elaboração própria, com o desenvolvimento da crítica e da criatividade, superando a cópia, o mero ensino e a mera aprendizagem, uma postura que deverá manter quando estiver trabalhando num ambiente informatizado. (Demo: 1993, p.19)


Analisando os impactos causados pela presença da informática na educação, e envolvendo conceitos referentes à incorporação de recursos tecnológicos no dia a dia escolar, é possível perceber a adesão de muitos profissionais em educação às novas tecnologias. Entretanto, ainda há muito a se fazer, há um longo caminho de adaptação e atualização a se percorrer. Logo, capacitar o professor e também preparar o ambiente onde essas novas tecnologias serão inseridas são as opções iniciais mais sensatas para que o retorno esperado com o uso das mídias seja alcançado. Trata-se principalmente de pensar, e repensar, todo o processo educacional sob a perspectiva gradativa de crescimento e de inovação, interna e externamente.

Por fim, é adequado mencionar ainda a seguinte constatação, referente à capacitação de professores para uso das TICs na educação. SANCHO e HERNANDEZ (2006) mostram que escolas tanto públicas como particulares, com algumas poucas exceções, mostram-se mais preocupadas com questões técnicas (relativas a hardwares e softwares, por exemplo), e acabam ignorando o elemento central de qualquer ato pedagógico que é o professor. Assim, em muitas destas situações, a própria escola responsabiliza o educador pelo fracasso, ou mesmo por não ter alcançado o êxito esperado nas atividades ou projetos envolvendo recursos midiáticos e tecnológicos. E isto simplesmente tomando como justificativa o motivo de acreditar erroneamente que apenas um mero curso de capacitação em informática de 20 ou 40 h/a torna possível que os professores fiquem aptos a usar constantemente esta tecnologia no seu cotidiano. Ou seja: que em um simples “estalar de dedos” o professor se habilite tecnicamente para incorporar em seu dia a dia recursos que somente há pouco conhece e utiliza, ou melhor, tenta utilizar.

A “resposta” para a capacitação adequada do professor e a gradativa incorporação dos recursos tecnológicos em sua prática docente não está na aquisição de um diploma em informática. Nem mesmo em um ou outro curso que execute ou venha a realizar. A incorporação desta tecnologia no “fazer diário” do professor é bem mais complexa e depende de inúmeras outras variáveis e outros inúmeros fatores que permeiam esta realidade, conforme foi possível constatar no desenvolvimento deste trabalho e através da pesquisa descrita a seguir.

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1. Dados obtidos no questionário

Após a aplicação de 32 questionários, chegou-se ao seguinte quadro:

1) Há quanto tempo você terminou sua licenciatura?
(3%) não licenciado (18%) 1 a 5 anos
(38%)6 a 10 anos (41%) mais de 10 anos

2) A disciplina que você leciona é de qual área?
(41%) Linguagem, códigos e suas tecnologias
(24%) Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias
(35%) Ciências humanas e suas tecnologias

3) Quais mídias foram utilizadas pelos seus professores durante a sua licenciatura?(12%) rádio (43%) TV e/ou vídeo
(27%) jornal e revistas (18%) computador

4) No total (escola particular e pública) qual é sua carga horária (horas/aula) semanal?
(12%) entre 1 e 20 h/a (64%) entre 21 e 40 h/a
(24%) mais de 40 h/a

5) Qual o seu conhecimento em informática?
(35%) básico (lê e envia emails, navega na internet e digita textos, provas)
(47%) intermediário (básico + uso de pendrive, edição de fotos, planilhas)
(15%) intermediário plus (intermediário + edição de vídeos e música, configuração e instalação)
(3%) avançado

6) Para o uso da TV Pendrive, qual das tarefas você sente dificuldades e/ou não sabe?
(6%) gravação de arquivos no pendrive
(6%) localizar vídeos (youtube, por exemplo)
(18%) baixar vídeos da internet (já sabe onde está, porém não sabe baixar p/ seu computador)
(26%) conversão de vídeos para o formato da TV Pendrive
(22%) conversão de apresentações (PowerPoint, por exemplo) para uso na TV Pendrive
(11%) manuseio na TV e controle remoto
(11%) não tem dificuldades

7) Quantas vezes por mês você utiliza o TV em cada turma?
(3%) nunca (74%) 1 a 5 (15%) 6 a 10
(3%) 11 a 20 (6%) todas as aulas

8) O que seria necessário para você utilizar mais a TV em suas aulas?
(48%) mais conhecimento em informática
(45%) menos carga horária
(7%) outros

4.2. Análise dos dados

4.2.1. Análise 1: Resultados obtidos sem filtro

- Os professores pesquisados estão distribuídos em todas as áreas de conhecimento, sendo que a maioria (79%) obteve seu grau de licenciatura a mais de cinco anos.

- A maioria dos professores (88%) tem carga horária maior que 20 aulas por semana.

- Do universo pesquisado, 65% tem conhecimento intermediário ou superior em informática, mesmo assim, as dificuldades com relação ao uso da TV Multimídia foram anotadas como: baixar e converter vídeos da internet e conversão de formatos de slide.

- Um dos fatores limitantes ao uso de TV como recurso educativo foi a elevada carga horária (cerca de 45% dos entrevistados).

- 100% dos professores que responderam a questão 9 assinalaram que o uso do TV dinamiza a aula, apresentando o assunto de maneira mais atrativa ao aluno. Abaixo estão alguns depoimentos:

"Nossos alunos sentem necessidade de integrar o que usam no seu dia a dia na escola, principalmente no tocante às tecnologias. Por isso, trazer vídeos relacionados aos conteúdos, imagens e outros recursos midiáticos despertam o interesse do aluno, tornam a aula mais atrativa e trazem resultados extremamente positivos em relação à aprendizagem dos conteúdos trabalhados. É uma contribuição importante e necessária para complementar o trabalho em sala de aula."

"Agiliza a explicação, facilita a visualização. É mais atraente para os alunos e complementa o conteúdo se usar imagens/vídeos."
"Ampliar o leque de conhecimentos, atingir alunos que têm maior facilidade em aprender pela visão – maior interesse da turma."
"Na minha disciplina é fundamental o aluno aprender o conteúdo e visualizar imagens e vídeos relacionados. Por exemplo: Falar sobre o sistema digestivo e mostrar vídeos sobre a digestão."


4.2.2. Análise 2: Resultados obtidos, professores que não têm dificuldades no uso da TV Multimídia (11% do universo pesquisado)

- Destes professores, cinco afirmaram que para usar mais a TV Pendrive, seria necessária uma menor carga horária e dois que necessitam de mais conhecimento em informática. Cinco destes professores usa o TV entre 1 e 5 vezes ao mês.

4.2.3. Análise 3: Resultados obtidos, professores que estão licenciados a mais de dez anos

Neste grupo de professores, 80% apresentam dúvidas com relação à informática e conversão de arquivos (vídeos ou slides).

4.3. Considerações finais

Analisando os questionários respondidos, ficou evidente que os professores concordam que o uso da TV Multimídia agiliza o processo ensino-aprendizagem, dando mais vida ao conteúdo apresentado e deixando-o mais atrativo e compreensível.

Também ficou evidente que os professores licenciados há mais de dez anos pertencem a um grupo alvo para a capacitação e treinamento no uso das novas tecnologias.

De maneira geral, os professores apresentam dificuldades com relação à conversão de arquivos para utilização na TV, assim, é aconselhável que ocorram oficinas de treinamento e utilização de recursos tecnológicos.

Um fator facilitador é o upgrade dos programas de informática disponibilizados no laboratório de informática, tornando-os mais amigáveis aos professores, tais como programas de fácil operação nos quais seja possível baixar arquivos da internet no formato correto, sem depender de sites de downloads.
Portanto, analisar o contexto em torno da capacitação de professores para uso das Tecnologias da Informação e Comunicação em sala de aula, conectando-a à realidade e à prática docente, revela claramente que não basta colocar os instrumentos das TICs à disposição do professor, é preciso habilitá-lo para o uso dos mesmos. Conforme afirma Tavares (2004) “o fato de equipar a escola com computadores não é garantia de que este recurso será utilizado para a melhoria do processo de aprendizagem e de que ele por si só vá resolver os problemas da educação”.

É certo que o uso da informática e os recursos midiáticos podem potencializar o processo educação-aprendizagem. Contudo, isto não significa que estes recursos sejam o âmago do processo, embora possam auxiliar o aluno a visualizar e internalizar os conceitos e conteúdos propostos.

Foi possível constatar, por meio deste trabalho, que o ponto de partida do processo do uso de mídias é “desmistificar” o uso das TICs ao professor, transformando estes recursos em algo mais rotineiro e mais acessível e familiar. Mesmo porque muitos professores não utilizam as TICs por desconhecimento, por considerá-las em nível estratosférico, por simples falta de motivação ou insegurança. Além disso, outra barreira a ser transposta é o fato de que os professores de hoje não usaram cotidianamente as TICs em seus cursos de licenciatura, logo, não veem o processo educativo auxiliado pela informática e outras mídias.

Há muito a se fazer, entretanto, com disciplina e metodologia é possível levar o professor a usar com grande eficácia as ferramentas tecnológicas ao seu dispor.

4.4. Cronograma de Execução do Projeto

Devido à grande carga horária dos professores (que são o público alvo do projeto), é proposto um curso de capacitação em sábados alternados, das 08h00 até 12h00, com um período de coffee-break das 10h00 até 10h20min.

DATA
ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS
08/05/2010 Módulo básico: Utilização e criação de pastas e arquivos. Gravação em pendrives e sua utilização. Criação de email (para os que não possuem). Navegação na internet e utilização de sites de busca. Como baixar arquivos. Envio de arquivos como anexo de email.
22/05/2010 Navegação e procura de vídeos no youtube. Download de vídeos utilizando o site www.onlinevideoconverter.com no formato do TvPendrive. Gravação do filme baixado no pendrive. Introdução ao módulo de montagem de slides utilizando o BrOffice.
05/06/2010 Montagem de apresentações com slides utilizando o BrOffice. Exportar slides para apresentação em sala de aula.
19/06/2010 Utilização pedagógica de vídeos e/ou filmes em sala de aula. Análise pedagógica da utilização de filmes. Como selecionar filmes para utilização em sala de aula.


5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BITTENCOURT, C. S.; GRASSI, D.; ARUSIEVICZ, F.; TONIDANDEL, I. Aprendizagem colaborativa por computador. Novas Tecnologias na Educação, v. 2 n. 1, Março/2004, p. 1-5. Disponível em: < http://www.cinted. ufrgs.br/renote/mar2004 /artigos/01-aprendizagem_colaborativa.pdf>. Acesso em 5 mai. 2009.

BRITO, Gláucia da Silva. PURIFICAÇÃO, Ivonélia. Educação e novas tecnologias: um re-pensar. 2ª ed. Curitiba: IBPEX, 2008.

BRITO, Gláucia e VERMELHO, Cristina. O usuário professor. O Estado do Paraná, Curitiba, 13 out. 1996.

CATTANI, A. Recursos Informáticos e Telemáticos como Suporte para Formação e Qualificação de Trabalhadores da Construção Civil. 2001. 249 p. Tese (Doutorado) - Informática na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

DEMO, Pedro. Desafios Modernos da Educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

DILBERT. Scott Adams. Charge. Folha de São Paulo. Caderno de informática, p.2, 7/4/2010.

GONÇALVES, Mílada Tonarelli. Educadores e sala de informática: por onde começar? Disponível em: < http://www.educarede.org.br/educa/index.cfm?pg= internet_e_cia.informatica_principal&id_inf_escola=69> Acesso em 22 mar 2010.

HAYDT, Regina Cazaux. Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1988.

MORAN COSTA, Jose Manuel. A Educação que desejamos: Novos desafios e como chegar lá. 2ª ed. Campinas, SP: Papirus Editora, 2007, v. 1.174 p.

MORAN COSTA, José Manuel. Ensino e Aprendizagem inovadores com tecnologias na educação. Porto Alegre, V. 3, N. 1, 2000.

NEAD, UFPR. Material Didático do Curso Mídias integradas na Educação. Gestão Integrada de Mídias. Disponível em: <http://www.cursos.nead.ufpr.br/ mod/resource/ view.php?id=33100> Acesso em 20 mar. 2010.

ROBERTS, L. Os problemas na implantação de novas tecnologias na educação e como superá-los: a experiência do EUA. In: 2 anos da TV Escola – Seminários Internacional / Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, SEED, 1999.

SANCHO, Juana M.; HERNANDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a educação. Trad. Valérios Campos. Porto Alegre: ArtMed, 2006.

SAVIANI, Demerval. Pedagogia Histórico-crítica: Primeiras Aproximações. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1991.

TAVARES, Cinira da Silva. A capacitação do professor para atuar com a informática educativa. 2004.75 f.,p.21-29 Monografia (Especialização em Informática Educativa).Curso de Pós-Graduação, Universidade Castelo Branco. Disponível em <http://www.infoeduc.maisbr.com/arquivos/a%20capacitacao. pdf> Acesso em 22 mar 2010.

VALENTE, José Armando. Computadores e conhecimento: repensando a educação. São Paulo: UNICAMP/NIED. 1998.

Wiki Educacional. Professora Geane Poteriko. Disponível em <http://gepoteriko. pbworks.com> Acesso em 20 mar. 2010


6. ANEXOS

Questionário de investigação sobre o uso
de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs)

1. Há quanto tempo você terminou sua licenciatura?
o 6 a 10 anos o 1 a 5 anos o não licenciado o mais de 10 anos

2. A disciplina que você leciona é de qual área?
o linguagem, códigos e suas tecnologiaso
o ciências da natureza, matemática e suas tecnologias
o ciências humanas e suas tecnologias

3. Quais mídias foram utilizadas pelos seus professores durante a sua licenciatura?
o jornal e revistas o TV e/ou vídeo o rádio o computador

4. No total, (escola particular e pública) qual é sua carga horária (horas/aula) semanal?
o mais de 40h/a o entre 21 e 40h/a o entre 1 e 20h/a

5. Qual o seu conhecimento em informática?
o básico (lê e envia emails, navega na internet e digitao textos, provas)
o intermediário (básico + uso de pendrive, edição de fotos, planilhas)
o intermediário plus (intermediário + edição de vídeos eo música, configuração e instalação)
o avançado

6. Para o uso da TV Pendrive, qual das tarefas você sente dificuldades e/ou não sabe?
o gravação de arquivos no pendrive
o localizar videos (youtube, por exemplo)
o baixar vídeos da internet (já sabe onde está, porém não sabeo baixar para o seu computador)
o conversão de vídeos para o formato da TV Pendrive
o conversão de apresentações (PowerPoint, por exemplo) para uso na TV Pendrive
o manuseio na TV e controle remoto

7. Quantas vezes por mês você utiliza a TV Pendrive em cada turma?
o todas o 11 a 20 o 6 a 10 o 1 a 5 o nunca o todas as aulas

8. O que seria necessário para você utilizar mais a TV em suas aulas?
o mais conhecimento em informática
o menos carga horária
o outros
9. Qual a contribuição que o uso da TV Pendrive pode fornecer à sua aula?
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