Turma de Licenciatura Plena em Geografia EAD 2013- Uniube

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Geografia Uniube EAD 2013

sábado, 25 de junho de 2011

Síntese dos Capítulos IV, V e VI do livro " Geografia uma pequena história crítica"

A situação histórica da Alemanha, no século XIX, época em que se dá a eclosão da geografia. A Alemanha da época é um aglomerado de feudos (ducados, principados, reinos), cuja única ligação reside em alguns traços culturais comuns. Inexiste qualquer unidade econômica ou política, a primeira começando a se formar no decorrer do século XIX,a segunda só se efetivando em 1870, com a unificação nacional.
A falta da constituição de um Estado nacional, a extrema diversidade entre os vários membros da Confederação, a ausência de relações duráraveis entre eles, a inexistência de um centro organizador do espaço, ou de um ponto de convergência das relações econômicas, todos estes aspectos conferem à discussão geográfica uma relevância espacial para as classes dominantes da Alemanha no início do século XIX. Temas como domínio e organização do espaço, apropriação do território, variação regional, entre outros, estarão na ordem do dia na prática a sistematização geográfica. A geografia surge na Alemanha, onde a questão do espaço era a primordial.
As primeiras colocações, no sentido de uma geografia sistematizada, vão ser obra de dois autores ligados à arristocracia: Alexandre Von Humboldt, conselheiro do rei da Prússia, e Karl Ritter, tutor de uma família de banqueiros. Ambos são contemporâneos e pertencem à geração que vivencia a Revolução Francesa: Humboldt nasce em 1769 e Ritter em 1779; os dois morrem em 1859, ocupando altos cargos da hierarquia universitária alemã.
Alexandre Von Humboldt

Humboldt possuía uma formação naturalista e realizou inúmeras viagens. Sua proposta de geografia aparece na justificativa e explicitação de seus vários procedimentos de análise. Portanto, não estava preocupado em formular os princípios de uma nova disciplina. Desta forma, seu trabalho não tinha um conteúdo normativo explícito. Seus principais livros são Quadros da natureza e cosmos. Humboldt entendia a geografia como a parte terrestre da ciência do cosmos, isto é, como uma espécie de síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Tal concepção transparece em sua definição do objeto geográfico, que seria " a contemplação da universalidade das coisas, de tudo que co-existe no espaço concernente a substâncias e forças da simultaneidade dos seres materiais que coexistem na Terra".
Em termos de método, Humboldt propõe "empirismo racionado", isto é, a intuição a partir da observação. O geógrafo deveria contemplar a paisagem de uma forma quase estética. A paisagem causaria no observador uma "impressão", a qual, combinamos com a observação sistemática dos seus elementos componentes, e filtrada pelo raciocínio lógico, levaria a explicação: a causalidade das conexões contidas na paisagem observada. Daí a afirmação de Humboldt: " a causalidade introduz a unidade entre o mundo sensível e o mundo so intelecto". Pois ao mesmo tempo, algo existente de fato na natureza e mas só apreensível pela razão, conduz a uma inerência do objeto e uma construção do objeto.
A obra de Ritter já é explicavelmente metodológico. em seu principal trabalho, Geografia Tradicional , há um intuito deliberado de propor uma geografia, sendo assim um livro normativo. A formação de Ritter também é radicalmente distinta da de Humboldt, enquanto aquele era geólogo e botânico, este possui formação em filosofia e história. Ritter define o conceito de "sistema natural", isto é, uma área delimitada dotada de uma individualidade. A geografia deveria estudar arranjos individuais e compará-los. Cada arranjo abarcaria um conjunto de elementos, representando uma totalidade, onde o homem seria o principal elemento. Assim, a geografia de Ritter é, princialmente, um estudos dos lugares, uma busca da individualidade destes. Toda esta proposta se assentava na arraigada perspectiva religiosa desse autor. Para ele, a ciência era uma forma de relação entre o homem e o "criador" (com uma dimensão interior de revelação), uma tentativa de apropriamento das ações humanas, assim uma aproximação à divindade. Neste sentido, caberia à geografia explicara individualidade dos sistemas naturais, pois nestas se expressaria desígnios divinos, manifestos na vaiável natureza dos meios. Para Ritter , a ordem natural obedeceria a um fim previsto por Deus, a causalidade da natureza obedeceria à designação divina do movimento dos fenômenos. Deste modo, haveria uma finalidade na natureza logo uma predestinação dos lugares. Compreender esta predestinação dos lugares. Compreender esta predestinação seria a tarefa do conhecimento geográfiico, que no limite, para esse autor, seria uma forma de "contemplação da prória dinvidade". A proposta de Ritter é, por estas razões, antropocêntrica (o homem é o sujeito da natureza), regional (aponta para o estudo de individualidades), valorizando a relação homem-natureza. Em termos de método, Ritter vai reforçar a análise empírica - para ele , é necessário caminhar de observação em observação ".
karl Ritter

A obra destes dois autores compõe a base da Geografia Tradicional. Todos os trabalhos posteriores vão se remeter às formulações de Humboldt e Ritter, seja para aceitá-las ou refutá-las. Apesar das diferenças entre estas - a geografia de Ritter é regional e antropocêntrica, a de Humboldt busca abarcar todo o globo sem previlegiar o homem - os pontos coincidentes vão aparecer, para os geógrafos posteriores, como fundamentos inquestionáveis de uma geografia unitária. Deste modo, estes autores criam uma linha de continuidade no pensamento geográfico, até então inexistente. Além disso, há de se ressaltar o papel institucioanal desempenhado por eles na formação das cátedras dessa disciplina, dando assim à geografia uma cidadania acadêmica. Entretanto, apesar deste peso no pensamento geográfico posterior, não deixam discípulos diretos. Isto é, não formam uma "escola". Deixam umaa influência geral, que será resgatada por todas as "escolas" da Geografia Tradicional.
Friedrich Ratzel

Um revigoramento do processo de sistematização da geografia vai ocorrer com as formulações de Friedrich Ratzel. Este autor, também alemão e prussiano, publica suas obras no último quartel do século XIX. Enquanto Humbold e Ritter vivenciaram o aparecimento do ideal de unificação alemã, Ratzel vivenciaram o aparecimento do ideal de unificação alemã, Ratzel vivencia a constituição real do Estado nacional alemão e suas primeiras décadas. Suas formulações só são compreensíveis em função da época e da sociedade que as engendraram. A geografia de Ratzel foi um instrumento poderoso de legitimação dos desígnios expansionistas do Estado alemão recém-constituído. LFebre chegou a denominá-la de "manual do imperalismo". Assim, cabe analisar, mesmo que em linhas gerais, o processo de unificação da Alemanha.
A unificação racionária, essa organização militarizada, esse expansionismo latente do Estado alemão podem ser explicados pela situação concreta da Alemanha, no contexto; como bem definiu Poulantzas, ela era " um elo débil da cadeia imperalista". Isto é, este país emergia como mais uma unidade do centro do mundo capitalista, industrializada, porém sem colônias. A unificação tardia da Alemanha, que não impediu um relativo desenvolvimento interno, deixou-a de fora da partilha dos territórios coloniais. Isto alimentava um expansionismo latente, que aumentaria com o próprio desenvolvimento interno. Daí, o agressivo projeto imperial, o propósito constante de anexar novos territórios. E, por esta razão, mais uma vez, o estímulo para pensar o espaço logo , para fazer geografia.
Ratzel vai ser um representante típico do intelectual engajado no projeto estatal; sua obra propõe uma legitimação do expansionismos bismarkiano. Assim, a geografia de Ratzel expressa diretamente um elogio do imperalismo, como a dizer, por exemplo, as lutas dos povos são quase sempre pelo mesmo objetivo. Na história moderna a recompensa da vitória moderna a recompensa da vitória foi sempre um proveito territorial.
O principal livro de Ratzel, publicado em 1882, denominou-se Antropogeografia - fundamentos da aplicação da geografia à história; pode- se dizer que esta obra funda a Geografia Humana. Nela Ratzel definiu o objeto geográfico como estudo da influência que as consições naturais exercem sobre a humanidade.
A geografia proposta por Ratzel privilegiou o elemento humano e abriu várias frentes de estudo, valorizando questões referentes à história e ao espaço, como: a formação dos territórios, a difusão dos homens no globo (migrações, colonizações, etc), a distribuição dos povos e das raças na superfície terrestre, o isolamento e suas consequências, além de estudos monográficos das áreas habitadas. Tudo tendo em vista o objeto central que seria das influências que as condições naturais exercem sobre a evolução das sociedades. Em termos de método, a obra de Ratzel não realizou grandes avanços. Manteve a idéia a geografia como ciência empírica, cujos procedimentos de análise seriam a observação e a descrição. Porém, proponha ir além da descrição, buscar a síntese das influências na escala planetária, ou , em suas palavras, "ver o lugar como objeto em si, e como elemento de uma cadeia". De resto Ratzel manteve a visão naturalista: reduziu o homem a um animal, ao não diferenciar as suas qualidades específicas; deste modo propunha o método geográfico como análogo ao demais ciências da natureza e concebida a causalidade dos fenômenos humanas como idêntica a dos naturais. daí, o mecanismo de suas afirmações. Ratzel ao propor uma geografia do homem, entendeu-a como uma ciência natural.
Os discípulos de Ratzel radicalizaram suas colocações, constituindo o que se denomina "escola determinista" de geografia, oa a doutrina do "determinismo geográfico". Os autores dessa corrente partiram da definição ratzeliana do objeto da reflexão geográfica e simplificaram-na. Orientaram-na seus estudos por máximas como "as condições naturais determinam a História" ou "o homem é um produto do meio" - empobrecendo bastante desses autores se constituía da busca de evidências empíricas para teorias formuladas a priori.
Outro desdobramento da proposta de Ratzel manifestou-se na constituição da Geopolítica. Esta corrente, dedicada ao estudo da dominação dos territórios, partiu das colocações ratzelianas referentes à ação do Estado sobre o espaço. Esses autores desenvolveram teorias e técnicas que operacionalizavam e legitimavam o imperalismo. Isto é, discorriam sobre as formas de defender, manter e conquistar os territórios. Até hoje a geopolítica persiste, sendo debatida nos departamentos de estado e nas academias militares.
Uma última perspectiva, que saiu das formulações de Ratzel, foi a chamada escola "ambientalista". Esta, mais recente, não pode ser considerada uma filiação direta da Antropogeografia. Entretanto, sem dúvida, foi Ratzel o primeiro formulador de suas bases. Esta corrente propõe estudo do homem em relação aos elementos do meio em que ele se insere. O conjunto dos elementos naturais é abordado como o ambiente vivenciado pelo homem. O ambientalismo representa um determinismo atenuado, sem visão fatalista e absoluta. A natureza não é vista mais como determinação, mas como suporte da vida humana. Mantém-se a concepção naturalista, porém sem a causalidade mecanicista. O ambientalista se desenvolveu bastante modernamente, apoiado na Ecologia. A idéia de estudar as inter-relações dos organismos, que ele sofreu de Heackel, o primeiro formulador da Ecologia, de quem havia sido aluno. Entretanto é mais ao determinismo que ao ambientalismo que o nome de Ratzel acabou identificado.
Pelos desdobramentos expostos, pode-se avaliar o peso da obra de Ratzel na evolução do pensamento geográfico. A própria geografia francesa, que será vista a seguir, é uma resposta às formulações desse autor. A importância maior de sua proposta reside no fato de haver trazido, para o debate geográfico, os temas políticos, colocando o homem no centro das análises. Mesmo que numa visão naturalizante e para legitimar interesses contrários ao humanismo.
A outra grande escola da geografia que se opõe às condições de Ratzel, vai ser eminentemente francesa e tem seu principal formulador em Paul Vidal de La Blache. Para compreender o processo de eclosão do pensamento geográfico na França e o tipo de reflexão que este engendrou é necessário enfocar os traçõs gerais do desenvolvimmento histórico francês no século XIX, em detalhe, a conjuntura da Terceira República e o confllito de interesses com a Alemanha.
Na seunda metade do século XIX, a França e a Alemanha, no caso ainda a Prússia, disputam a hegemonia no controle continental da Europa. Havia, entre estes dois países, um choque de interesses nacionais, uma disputa entre imperalismos. tal situação culminou com a guerra franco-prussiana, em 1870, na qual a Prússia saiu vencedora. A frança perde os territórios de Alsácia e Lorena, vitais para sua industrialização, pois neles se localizavam suas principais reservas de carvão. No contexto da guerra, caiu o Segundo Império de Luis Bonaparte, ocorreu o levante da Comuna de Paris, e, sob as suas ruínas, ergueu-se com o beneplácito prussiano, a Terceira República francesaa. Foi nesse período que a geografia se desenvvolveu. E se desenvolveu com o apoio deliberado do Estado francês. Esta disciplina foi colocada em todas as séries do ensino básico, na reforma efetuada pela Terceira República. Foram criadas, nessa época, as cátedras e os institutos de geografia. Todos eles fatos demonstram o intuito do Estado no sentido de desenvolver esses estudos. Tal interesse advém de consequências da própria guerra. Uma frase de Thiers, primeiro-ministro da França, bem o demonstra; diz ele: "a guerra foi ganha pelos instrutores alemães". A guerra havia colocado, para a classe dominante francesa, a necessidade de pensar o espaço, de fazer uma Geografia que deslegitimasse a reflexão geográfica alemã e, ao mesmo tempo, fornecesse fundamentos para o expansionismo francês.

Paul Vidal de La Blache
Como foi visto, a geografia de Ratzel legitimava a ação imperalista do Estado bismarkiano. Era mister, para a França, combatê-la. O pensamento geográfico francês nasceu com esta tarefa. Por isso, foi, antes de tudo, um diálogo com Ratzel. O principal artífice desta empresa foi Vidal de La Blache. Esse autor, que publicou suas obras nas últimas décadas do século passado e nas primeiras do atual, fundou a Escola Francesa de Geografia e, mais, deslocou para este país o eixo que as colocações de Ratzel embalavam-se na situação concreta de sua época e de sua sociedade, a geografia de Vidal de La Blache só será compreensível em relação à conjuntura da Terceira República, ao antagonismo com a Alemanha e à particularidade do desenvolvimento histórico da França. Ambos veicularam, através do discurso científico, o interesse das classes dominantes de seus respectivos países. Por terem sido diferenciadas as vias de desenvolvimento capitalista, na Alemanha e na França (logo as próprias classes dominantes) foram diferentes as formas e os conteúdos desse discurso. A proposta de Ratzel exprimia o autoritarismo, que permeava a sociedade alemã; o agente social privilegiado, em sua análise, era o Estado, tal como na realidade que esse autor vivenciava. A proposta de Vidal manifestava um tom mais liberal, consoante com a Revolução Francesa, e sua análise partiu do homem abstrato do liberalismo. Esta diferênça de tonalidade das propostas de Vidal manifestava um tom mais liberal, consoante com a Revolução Francesa, e sua análise partiu do homem abstrato do liberalismo. Essa diferença de tonalidade das propostas foi o patamar, a partir do qual foram tecidas as críticas de Vidal à Antropogeografia de Ratzel. E que lhe permitiu cumprir a função ideológica que estava destinada a essa disciplina pelas classes dominants francesas.
Outra crítica de princípio às formulações de Ratzel incidiu no seu caráter naturalista. Isto é, Vidal criticou a minimização do elemento humano, que parecia como passivo nas teorias de Ratzel.
Uma terceira crítica de Vidal à Antropogeografia, derivada da anterior, atacou a concepção fatalista e mecanicista da relação entre homens e a natureza. Atingindo diretamente a idéia da determinação da História pelas condições naturais. Vidal vai propor uma postura relativista no trato dessa questão, dizendo que tudo que se refere ao homem "é mediado pela contigência". Este posicionamento, aceito por seus seguidores, fez com que a geografia francesa abandonasse qualquer intento de generalizar. Jogou-se a crítica ao determinismo naturalista de Ratzel, a proposta de Vidal negou a própria determinação.
Vidal de La Blache definiu o objeto da geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva da paisagem. Colocou o homem como o ser ativo, que sofre a influência do meio, porém que atua sobre este, transformando-o. Observou que as necessidades humanas são condicionadas pela natureza e que o homem busca as soluções para satisfazê-las nos materiais e nas condições oferecidas pelo meio. Nesse processo, de trocas mútuas com a natureza passou a ser vista como possibilidades para a ação humana; daí o nome de possibilismo da a esta corrente por Lucien Febvre. A teoria de Vidal concebia o homem como hóspede antigo de vários pontos da superfície terrestre, que em cada lugar se adaptou ao meio que o envolvia, criando, no relacionamento constante e acumulativo com a natureza, um acervo de técnicas, hábitos, usos e costumes que lhe permitiram utlilizar os recursos naturais dsponíveis. A este conjunto de técnicas e costumes, construídos e passado socialmente, Vidal denominou "gênero de vida", o qual exprimiria uma relação entre a população e os recursos, uma situação de equilíbrio, construída historicamente pelas sociedades. A diversidade dos meios explicaria a diversidade dos gêneros de vida.
Em termos de método, a proposta de Vidal de La Blache não rompeu com as formulações de Ratzel, foi antes um prosseguimento destas. As únicas diferênças residiriam naqueles pontos de princípio já discutidos. Vidal era mais relativista, negando a idéia de causalidade e determinação de Ratzel; assim seu enfoque era menos generalizador. De resto, o fundamento positivista aproxima as concepções dos dois autores, e vinculando a este, a aceitação de uma metodologia de pesquisa oriunda das ciências naturais. Vidal, mais do que Ratzel hostilizou o pensamento abstrato e o raciocínio, propondo-o método empírico-indutivo, pelos quais só se formulam juízos a partir dos dados da observação direta, considera-se a realidade como o mundo dos sentidos, limita-se a explicação aos elementos e processos visíveis. La Blache propôs o seguinte encaminhamento para a análise geográfica: observação de campo, indução a partir da imagem, particularização da área enfocada (em seus traços históricos e naturais), comparação das áreas e dos gêneros de vida em "séries de tipos genéricos". Assim, o estudo geográfico, na concepção vidalina, culminaria com uma tipologia.
Em termos de método, a proposta de Vidal de La Blache não rompeu com as formuações de ratzel, foi antes um prosseguimento destas. As únicas diferenças residiram naqueles pontos de princípio já discutidos. Vidal era diferenças residiriam naqueles ponto de princípio já discutidos. Vidal era mais relativista, negando a idéia de causalidade e determinação de Ratzel; assim seu enfoque era menos generalizador. De resto, o fundamento positivista aproxima as concepções dos dois autores, e , vinculando a este, a aceitação de uma metodologia de pesquisa oriunda das ciências naturais. Vidal, mais do que Ratzel hostilizou o pensamento abstrato e o raciocínio especulativo, propondo-o método empírico-indutivo, pelos quais só se formulam juízos a partir dos dados da observação direta, considera-se a realidade como o mundo dos sentidos, limita-se a explicação aos elementos e processos visíveis. La Blache propôs o seguinte encaminhamento para a análise geográfica: observação de campo, indução a partir da paisagem, particularização da área enfocada (em seus traços históricos e naturais), comparação das áreas estudadas e do material levantando ,e classificação da áreas e dos gêneros de vida, em "séries de tipos genéricos". Assim, o estudo geográfico, na concepção vidalina, culminaria com uma tipologia.
Vidal de La Blache acentuou o propósito humano da geografia, vinculando todos os estudos geográficos à geografia humana. Entretanto, esta foi concebida como um estudo da paisagem; daí, o homem interessar por suas obras e enquanto contingente numérico, presente numa porção da superfície da Terra. A geografia vidalina fala da população, de agrupamento, e nunca de sociedade; fala de estabelecimentos humandos, porém não de processo de produção. Enfim, discute a relação homem-natureza, não abordando as relações entre os homens. E por esta razão que a carga naturalista é mantida, apesar do apelo à História, contido em sua proposta.

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