espaço segundo as escolas do pensamento geográfico.
O termo espaço foi, a princípio, concebido pela geografia tradicional, que em seuiss diversos segmentos deu ênfase aos conceitos de paisagem e região,estabelecendo em torno desses conceitos a discussão sobre o objeto da geografia e sua identidade diante das outras ciências. O espaço, na verdade, não se constitui em um conceito primordial a ser alcançado pela geografia, porém está presente nas obras de Ratzel e Hartshorne, de forma implícita.
A teoria do “espaço vital” de Ratzel afirma que a sua preservação e sua ampliação passa a ser a lógica do Estado, para manter seu desenvolvimento, transformando-o em território devido a sua utilização política. Na visão de Hastshore, o espaço é absoluto, constituindo-se em conjunto de pontos que possuem características próprias, utilizando da intuição para construir essa lógica.
O espaço diante dessa percepção, em muitos casos, é resultado da ação humana em determinada superfície terrestre, que se torna produto histórico, expressando a realidade vivida pelos agentes sociais em suas diversas experiências sociais coletiva e individuais.
A paisagem diante dessa vitsão expressa o momento histórico do desenvolvimento humano; esses ícones exprimem também a estrutura organizacional das estruturas política e social atuantes nessa espacialidade que atuam, buscando funcionalidade e dinâmica para o agrupamento social envolvido.
As produções sociais no espaço material em questão determinam a valorização da superfície terrestre, devido à agregação de trabalho ao solo, e essas representações humanas estabelem marcas profundas na ocupação do espaço.
Assim, a produção do espaço social envolve a atuação racional do homem, que tem motivações em circunstâncias relacionadas às necessidades, interesses, desejos e sonhos de uma comunidade ou do próprio indivíduo.
A geografia teorético-quantitativa tem suas bases no positivismo lógico desenvolvido na década de 1950 e na proposta de Claval, Capel e Christofoletti, que procuravam adotar uma postura epistemológica da ciência, apoiados nos conceitos das ciências naturais. Nessa perspectiva do raciocínio hipotético dedutivo, baseado na teoria e predominância intelectual. Aferindo modelos matemáticos e quantitativos, vinculando-se ao sistema de planejamento de órgãos governamentais e interesses privados.
A proposta da corrente que se apoia na geografia quantitativa é explicar o todo, utilizando-se de métodos matemáticos, que compreenderiam as variações da paisagem, a ação da natureza sobre os homens individual e coletiva, entre outrosrat acontecimentos estudados pelo campo geográfico.
A proposta quantitativa permite a elaboração de leitura, ou podemos chamar de diagnósticos de um determinado espaço, baseados em dados numéricos que contemplem o maior número de agentes sociais econômicos, políticos e naturais, com o objetivo de traçar estratégias de intervenção preventivas ou apresentar soluções para a demandas existentes.
E para exercer o controle desse espaço, a categoria fez uma leitura com mapas que permitiu aos construtores, engenheiros, arquitetos e administradores elaborem estratégias que garantissem o domínio, criando formas de ordenação do espaço e tranformando a paisagem em contexto que refletisse as ideias de comando e ordem para os moradores desse espaço geográfico.
É necessário considerar as contribuições para geografia das concepções do espaço feitas pelos geógrafos lógico-positivistas, que construíram representações matriciais e topológicas, as quais nos permitem extraírmos conhecimentos das localizações e fluxos, hierarquias e especializações funcionais, devido aos pressupostos encontrados na planície isotrópica, à racionalidade econômica, à historicidade dos acontecimentos sociais e as dispustas do espaço em suas diversas passagens temporais, que podem contribuir decisivamente na compreensão da organização social.O surgimento da geografia crítica nos anos 1970, baseada nas propostas Marxista, do materialismo histórico dialético, contrapondo a geografia tradicional e teorético-quantitativa, provocou uma celeuma de debates sobre os mais diversos temas e objetos da ciência geográfica.
Os autores que abraçaram essa corrente metodológica da geografia buscariam construir uma análise e argumentação em seus trabalhos acadêmicos com percepções que têm como fogo de avaliação as razões das crises,tendo como meta identificar os fatores sociais que desencadearam o processo que afetou um determinado grupo social ou mesmo toda a população de um Estado, e seus desdobramentos no espaço mudanças que provocou na paisagem urbana,rural e até silvestre.
Então, as propostas marxistas e socialistas, no campo geográfico, encontram resistências ideológicas, políticas e econômicas, pois questionam a organização do espaço campo interno e externo dos Estados, em relação ao expansionismo imperalista europeu e estudinense, e ainda nas relações internas quanto ao trato dos problemas espaciais internos de divisão das terras (reforma agrária), ocupação do solo urbano, organização do trabalho e utilização dos recursos naturais.
O geógrafo Yves Lacoste, em sua obra A geografia serve, antes de mais nada, para fazer a guerra,
construiu uma das mais duras críticas à geografia tradicional e abriu campo para a geografia crítica. Sua obra busca mostrar que a geografia serviu até para criar estratégias e justficativas para ações imperalistas ou protencionistas dos Estados.
Lacoste afirmava que o indivíduo conhece o seu entorno, mas não tem condição de saber o que acontece na periferia da cidade em que mora, principalmente se essa cidadde for uma metrópole ou até mesmo uma cidade e de porte médio. Porém o estado, por meio de seus agentes e instrumentos de governo, em muitos casos, ignora as necessidades de certos grupos.
Ele afirma, também, que o Estado deve ter uma socializadora do espaço, atuar de maneira que permita a todas as pessoas desfrutarem dos instrumentos sociais de integração e oportunidades. Os indivíduos também devem compreender a importância do processo de luta contra as ideias de dominação impostas pelos detentores do poder político, lutar pela operalização dos espaços, além de trabalhar para construir condições de equilíbrio e reajustes das diferenças.
A geografia crítica adota também um discurso político e social da ocupação do espaço e as mudanças na paisagem; nesta perspectiva Milton Santos, afirma que “o espaço é a morada do homem, mas pode também ser sua prisão”; e nesse processo de renovação do pensamento geográfico, muitos autores e pesquisadores se agregam, somando-se a ampliação do contato como outras áreas do conhecimento humano, com objetivo de melhor compreender a atuação do homem no espaço em que vive e trava suas lutas diárias.
O espaço ressurge como conceito-chave, apoiado na doutrina marxista que o identifica como natureza que pode estar presente ou ausente. Lebvre argumenta que o espaço desempenha um papel ou função decisivos na estruturação de uma totalidade, de uma lógica, de um sistema. O espaço percebido é na perspectiva do espaço social, que tem estreita relação com o espaço absoluto, portanto vazio e intocado, é um lugar efetivamente dos números e das médias ponderadas. E muito menos um produto da sociedade, significa o lugar da reunião dos materiais produzidos, das coisas entre os outros objetos. É no caso funcional, ou seja, não é o espaço absoluto e muito menos o espaço pode ser visto como produto social.
O espaço não é o ponto de partida e muito menos de chegada. Em nenhuma hipótese deve ser usado como instrumento político, está ligado ao processo de produção capitalista consumista. O espaço é o locus de reprodução das relações sociais de produção.
Essa nova visão do objeto espaço, baseada no materialismo histórico dialético, encantara e seduzira os geógrafos da década de 1970, impulsionara as discussões e a visão do espaço como lócus, percebido como resultado da reprodução da sociedade. O geógrafo brasileiro Milton Santos, inspirado nessa concepção, escreve inúmeras obras abordando o tema.
A geografia humanista surgiu na década de 1970, e a geografia cultural nos anos de 1980. Estavam estabelecidas nos princípios da fenomenologia e do existencialismo, fazendo oposição à geografia lógico-positivista, buscando uma retomada da historicidade, característica presente nas correntes possibilistas da geografia tradicional.
A geografia humanista coloca seus princípios metodológicos na subjetividade da intuição, nos sentimentos, no empirismo e na contigência, dando destaque e previlégio para o singular desprezando o coletivo, busca a compreensão do mundo real e não procura explicações. O estudo do espaço está restrito aos sentimentos espaciais e as ideias de um grupo ou povo sobre o espaço, a partir da experiência. Dessa forma, criando vários espaços, como o pessoal, o grupal, em que percebemos a experiência alheia e o espaço místico que deixa o real e passa pelas evidências do sensorial, onde apresenta as manifestações do sagrado.
A geografia humanista percebe a paisagem como resultado de um processo dialético que o homem realiza entre a matéria e a ideia, e busca compreender as mudanças do espaço para além dos embates ideológicos e materialistas, propostos na geografia crítica, além de perceber que o homem também trabalha alterando o espaço, materializando seus sonhos e desejos, eivados de princípios religiosos, políticos e até mesmo ideológicos.
A geografia cultural desenvolve a tese que a paisagem é o registro de um momento cultural vivido em uma determinada época e expressa as ideias de um grupo de pessoas que detinha o poder político, econômico e social daquele espaço geográfico.
O espaço alterado pela ação do homem cria paisagens que demonstram sua apropriação dos recursos naturais na produção e disposição de objetos que buscam suprir suas necessidades e que refletem o avanço tecnológico, econômico, cultural e político de uma época.
A paisagem passa a ser construída pelo povo e passa a ser objeto de estudo quanto aos seus costumes, ao processos de circularidade cultural, ou seja, aborda as práticas culturais comuns às pessoas e suas trocas de experiências, e ainda a reconstrução de novos conceitos e práticas.
A valorização do espaço, enquanto produto histórico-cultural na visão da geografia cultural, é importante, pois permite que gerações futuras de pesquisadores consigam estudar e avaliar as práticas, os costumes e a cultura de gerações e povos de uma época antiga, que de uma maneira direta ou indireta se reconstruíram em novos modelos, mantendo ou alterando a interação humana no círculo social, político e natural.
A geografia humanista de Vidal procura perceber o homem com todas as suass odificuldades e o processo que utiliza para superar os entraves naturais, como também suas construções sociais e enclaces históricos que levam a procurar respostas longe do determinismo natural.
Assim, podemos construir uma conclusão de que na escola francesa vidaliana o espaço é fragmentado em detrimento das condições humanas, com a linguagem, classe social e conhecimento culturais, fornecendo parâmetros de referências necessários para o desenvolvimento do cotidiano da construção da dimensão espacial.
Assim, podemos construir uma conclusão de que na escola francesa vidaliana o espaço é fragmentado em detrimento das condições humanas, com a linguagem, classe social e conhecimento culturais, fornecendo parâmetros de referências necessários para o desenvolvimento do cotidiano da construção da dimensão espacial.
FONTE: Livro Uniube - A Construção do Conhecimento Geográfico, Vol 1 e 2
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